Isabel Barradas participou na Comissão Nacional do PS e defendeu emigrantes “integrados por inteiro”


Na Comissão Nacional do PS que reuniu no passado dia 13 de janeiro em Coimbra, Isabel Barradas, Secretária-Coordenadora da Secção do PS português na Gironde, recentemente reeleita para aquele órgão nacional, defendeu a moção, da qual também foi subscritora, intitulada «Para que os Portugueses nas Comunidades sejam integrados por inteiro».

Esta moção setorial não tendo sido possível ser apresentada no 24° Congresso do Partido pelo seu primeiro subscritor, Vítor Moutinho, Secretário-Coordenador da Secção do PS de Macau, foi abordada, a pedido daqueles que a subscreveram, por Isabel Barradas.

Isabel Barradas relembrou que as Comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo desempenham “um papel crucial na afirmação da identidade nacional e no fortalecimento dos laços entre Portugal e o resto do mundo” e relembrou também que a diáspora portuguesa “contribui ativamente” para o desenvolvimento económico de Portugal, “enviando remessas significativas e investindo em projetos locais, que não só fortalecem a estabilidade financeira do país, mas também fomentam a cooperação internacional, o que é uma evidência se atendermos aos dados económicos de todos conhecidos, não exaustivos”.

“Em agosto de 2023, dados do Banco de Portugal revelaram, que os Portugueses residentes no estrangeiro enviaram quase dois mil milhões de euros em remessas, nos seis primeiros meses do ano. Esse aumento de 4,3% em relação ao mesmo período de 2022 destaca, não apenas a dimensão económica das Comunidades no estrangeiro, mas também a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável de Portugal” disse Isabel Barradas ao LusoJornal.

Isabel Barradas considera que foi o Partido Socialista o responsável pelo “aumento indiscutível da importância das Comunidades portuguesas”, quando em 2019, através da implementação do recenseamento automático, “testemunhou um notável acréscimo do número de Portugueses recenseados no estrangeiro, para cerca de um milhão e quinhentos mil potenciais eleitores”, mas conclui que “as Comunidades precisam de mais, pois é necessário convencer os Portugueses a acreditar ainda mais em Portugal, mesmo estando fisicamente distantes. Para isso é necessário incluir, partilhar, entender, analisar e proporcionar aos Portugueses mais oportunidades para a sua participação cívica”.

E para que tal aconteça, Isabel Barradas diz que “é necessário ser igual. É necessário que os Portugueses que residem fora de Portugal se sintam iguais! Não pode haver diferenças entre Portugueses que vivem no estrangeiro e Portugueses que vivem em Portugal”.

Ainda na defesa da moção, a dirigente socialista, que mora em Bordeaux e é técnica do Consulado Geral de Portugal naquela cidade, afirma que “os Portugueses não podem ser chamados a votar de modo diferente para os atos eleitorais. Nuns vota-se presencialmente, em outros por via postal. Em Portugal todos votam da mesma forma. Esta diversidade de métodos evidencia a necessidade de uma abordagem mais inclusiva para garantir que todos os cidadãos, independentemente da sua localização geográfica, possam participar plenamente no processo democrático”.

Face a estas questões, os militantes do PS, representantes das Secções do Partido Socialista espalhadas pelo mundo, reuniram-se para a elaboração de um documento comum, com propostas conjuntas, para as quais todos contribuiram, no sentido de que o Partido Socialista incorpore no seu programa eleitoral, entre outras medidas programáticas, dois pontos que consideram importantes”.

“Primeiramente, a harmonização do sistema eleitoral, assegurando que as Comunidades no estrangeiro, tenham uma representação justa e efetiva nos órgãos legislativos, de acordo com a sua representatividade. (Interrogam-se muitos dos nossos compatriotas sobre o desequilíbrio existente e que pensam, deveria ser rapidamente sanado, senão vejamos : a cidade de Lisboa com cerca de 1 milhão e 920 mil eleitores potenciais e elege 48 Deputados ; a cidade do Porto com cerca de 1 milhão e 592 mil eleitores potenciais, elege 40 Deputados ; a emigração, com cerca de 1 milhão e 500 mil potenciais eleitores, elege 4 Deputados)” diz Isabel Barradas. “Desde abril de 1974 que se continuam a eleger os mesmos 4 Deputados pela emigração! Como Secretário-Geral e futuro Primeiro-Ministro de Portugal, esta realidade não é digna de um Portugal que se quer INTEIRO”.

Em segundo lugar, “a desmaterialização dos cadernos eleitorais, seria também um passo crucial para modernizar o processo eleitoral, garantindo a integridade e a eficiência do mesmo, ao mesmo tempo que facilita a participação dos cidadãos no estrangeiro, permitindo aumentar o número de recenseamentos e um desdobramento máximo das mesas de voto”.

O grupo defende que “é igualmente urgente a implementação progressiva do voto eletrónico. O Partido Socialista deve assumir esse compromisso e cumpri-lo” pediu Isabel Barradas.

“Deve igualmente aumentar a igualdade de oportunidades entre Secções, incorporando de forma equitativa o rácio de Delegados ao Congresso, promovendo a representatividade e equilíbrio das Secções de Portugal e do resto do mundo. O PS deverá incentivar a consagração da importância e relevo das Comunidades no partido, nomeando mais representantes para os seus órgãos dirigentes e designando um Secretário ou uma Secretária-geral para as Comunidades nos órgãos do partido. Pretendemos igualmente ser incluídos e participar, de maneira totalmente transparente, no escrutínio e escolha dos Deputados para os círculos da Europa e fora da Europa”. Na sala estavam outros membros da Comissão Nacional como Paulo Pisco e Nathalie de Oliveira. “O PS tem que afirmar o seu compromisso com uma democracia mais inclusiva, uma representação mais equitativa e um diálogo mais aberto com os Portugueses no estrangeiro”.

Para finalizar a sua intervenção, Isabel Barradas afirma que quer contar com o apoio do Secretário-Geral do PS, para que “a vitória no próximo dia 10 de março seja também a nossa vitória, e igualmente com o apoio de todos os membros do partido, para avançarmos juntos na implementação destas propostas e na construção de um futuro mais forte e coeso, para Portugal e para todas as suas Comunidades, independentemente da sua localização geográfica”.

“Unidos, de mão dadas com os portugueses residentes no estrangeiro, construiremos um futuro mais justo e representativo para todos os portugueses” termina Isabel Barradas.