LusoJornal | Carlos Pereira

«Jardins Nocturnes»: Peça de Odete Branco presta homenagem a Florbela Espanca

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A Biblioteca da Delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian organizou na semana passada uma mesa-redonda para apresentação da peça de teatro “Jardins Nocturnes” de Odete Branco, encenada por Guy Calice, atualmente em cena no Théâtre Clavel, em Paris, todas as quintas-feiras ao fim da tarde. A moderação da mesa-redonda foi confiada à Deputada Nathalie de Oliveira e à professora Chantal da Silva.

A peça conta as últimas horas da vida da poetisa portuguesa Florbela Espanca, um dos expoentes máximos da poesia portuguesa do século XX (1894-1930). Aliás Chantal da Silva começou por dizer que a poetisa não é suficientemente conhecida em França, “é poucas vezes citada” e a peça vem dar-lhe uma “merecida visibilidade”.

Afirmando que “não se pode fazer política se não se lê poesia”, Nathalie de Oliveira lembrou várias escritoras e poetisas portuguesas de destaque, mas “efetivamente evoca-se pouco Florbela Espanca”. Lembrou “que se fala mais do seu estilo de vida, que foi fonte de escândalo e de vergonha, do que das suas fontes de inspiração”.

Chantal da Silva concordou: Florbela Espanca “não teve a sorte e a projeção” de Sophia de Mello Breyner Andersen, de Maria Judite de Carvalho ou de Maria Helena Vieira da Silva…

“No início pensei escrever um monólogo” explica Odete Branco. “Mas depois pensei que era mais difícil para encenar”. Então, para além da própria Florbela, a peça integra também a Florbela Jovem, a voz da Consciência, o Ideal (o amante) e o irmão com quem Florbela Espanca mantinha uma relação de grande cumplicidade, mas que morreu cedo, num acidente de avião. “Nós só conhecemos o irmão através do que escreve a Florbela. Se ele não tivesse morrido num acidente, talvez ela não se tivesse suicidado” diz Odete Branco. “Depois de ‘O Canto das Sereias’, achei que devia falar de uma mulher portuguesa e, para mim, a Florbela Espanca era a rock-star daquela época”.

“A vida de Florbela Espanca é uma tragédia grega. Pensei muito na tragédia grega quando escrevi a peça” confessa a autora. O encenador concorda que se trata de uma tragédia, mas destaca também o facto de ser escrita em verso. “Atualmente continuam-se a escrever tragédias, mas praticamente não se escrevem tragédias em versa e isso é uma particularidade deste texto. É uma peça atípica” afirma Guy Calice.

A peça é interpretada pelos atores das companhias Calypso Théâtre e Stella Felice, Carole Hourseau (atriz e dançarina, que também assina a coreografia), Christophe Daci, Sophie Cellier et Marco Guzzon, encenados por Guy Calice.

A mesa-redonda começou com uma introdução do Diretor da Delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em França, Nuno Vassalo e Silva, e acabou com o público a ler poesia de Florbela Espanca selecionada por Chantal da Silva.

«Jardins Nocturnes»

As quintas-feiras até 26 de outubro, 19h30

Théâtre Clavel

3 rue Clavel

Paris 19

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