Jean-Luc Gonneau comemorou 55 anos de paixão pelo Fado com serão fadista em Paris

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O espaço é acolhedor. Uma cave – Les Affiches – na Place Saint Michel, no coração de Paris. Quem descia as escadas esta sexta-feira à noite, penetrava no universo maravilhoso do Fado, num evento organizado habitualmente pelo ‘Le Coin du Fado’, de Jean-Luc Gonneau, o francês que mais conhece esta música genuinamente portuguesa.

Desta vez comemoravam-se duas efemérides: “Os 55 anos do meu encontro com o Fado e os 200 anos do nascimento do Fado” começou por anunciar o organizador da noite. “Bom, não são bem 55 anos, é um pouco mais, mas eu cortei a parte do Covid…” ironizou Jean-Luc Gonneau. “E também há muito que digo que comemoramos os 200 anos do nascimento do Fado. Mas como não se sabe bem quando nasceu, pode ser um ou dois anos mais ou menos”.

O espaço é intimista, estava cheio, Jean-Luc Gonneau estava, como habitualmente, bem humorado, e, no fundo da sala, estavam dezenas – sim dezenas – de fadistas. “Esta é a melhor casa de Fados de Paris” lançou Conceição Guadalupe, uma cúmplice desde as primeiras edições deste evento.

Começou então uma viagem pelo Fado e pelos Fados do organizador do serão. Entre cada tema, Jean-Luc Gonneau contava uma história, a história do seu encontro com o Fado, do primeiro Fado que cantou em público, em Lisboa, quando um colega Irlandês que devia cantar com ele, desistiu à última hora… viajou pelos grandes nomes do Fado, com quem conviveu ou que admirou, de Fernando Maurício e do “seu” Alfredo Marceneiro, até Kátia Guerreiro, Ana Moura ou Mariza, passando por Hermínia Silva, Amália Rodrigues, Carlos do Carmo e tantos outros.

Para “ilustrar as histórias” sucederam-se os Fadistas. De Conceição Guadalupe e Jenyfer Rainho, a Tânia Raquel Tavares e Joana Pereira.

João Rufino, agora a morar definitivamente em Portugal, veio propositadamente de Serpa para esta noite. Teve direito a mais um tema do que os outros, e cantou em dueto com Vitor Teixeira. E Jean-Luc Gonneau também cantou, claro.

Cantaram ainda Vítor do Carmo, Vítor Teixeira, Celina Pereira e Tereza Rodrigues.

Para os acompanhar, estava o guitarrista de sempre, Filipe de Sousa, mas também Nuno Estevens (que também veio de Portugal propositadamente), Dominique Oguic e Laurent à viola e Philippe Leiba no contrabaixo. Lizza, a francesa que canta Fado, também estava presente, mas acabou por não cantar, não por falta de “solidariedade”, mas porque queria proteger a voz para um outro concerto que estava a preparar.

De vez em quando Jean-Luc Gonneau saía do “alinhamento” previsto, porque, no fundo, a improvisação também faz parte destas noites, como confirmou ao LusoJornal Jenyfer Rainho. Com a gentileza que o caracteriza, o organizador foi citando alguns dos presentes na sala, como o Diretor de imagem Octávio Espírito Santo, ou a presença do LusoJornal, “um jornal do qual não posso dizer mal, porque escrevo nele” disse a sorrir. E, efetivamente, Jean-Luc Gonneau é um dos colaboradores do LusoJornal, especialista de Fado.

Do fundo da sala, foi precisamente Lizzi quem gritou. “O Jean-Luc agradece toda a gente, mas finalmente somos nós que temos de lhe agradecer pelo apoio e pelo que faz pelo Fado”. Foi largamente aplaudida.

O público era essencialmente francês. “O Jean-Luc Gonneau tem a particularidade de mobilizar um público francês para as suas noites, mas também de ‘agarrar’ o público, explicando sempre o Fado, com histórias dos Fadistas e com o contexto da canção” disse Tânia Caetano ao LusoJornal.

O público visivelmente gostou do serão, porque havia quem perguntava já pela data do próximo evento. Sinal que apreciaram o ambiente, a escolha variada do reportório e a contribuição dos Fadistas.

Está de parabéns Jean-Luc Gonneau, não apenas por fazer 55 anos que descobriu o Fado, também não apenas porque o Fado tem 200 anos, mas sobretudo porque festejou mais um aniversário no sábado. Houve quem esperasse pela meia-noite, no Les Affiches, propositadamente para lhe cantar os parabéns.

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