LusoJornal / Mário Cantarinha

João Alvim: “Vou ter muitas saudades de Paris”

Numa entrevista em que faz o balanço dos 4 anos em que assumiu as funções de Cônsul Geral Adjunto de Portugal em Paris, João de Melo Alvim diz que vai ter muitas saudades da capital francesa. O diplomata foi agora nomeado para a Embaixada de Portugal na Sérvia, depois de ter estado no maior Consulado português no mundo.

“Foi uma experiência muito intensa aqui no Consulado. Foi o meu primeiro posto enquanto diplomata, estando sempre bem consciente da exigência que um posto tão visível, tão especial e grande – é a maior representação diplomática portuguesa depois da REPER em Bruxelas, com dois diplomatas e mais de 50 funcionários” disse numa “Entrevista Live” ao LusoJornal. “Sinto-me muito satisfeito pelo trabalho que desempenhei, tentei sempre fazer o meu melhor ao longo destes 4 anos” resume João Alvim. “Como sabe, eu sou uma pessoa que gosta de desafios, estou bem consciente que a profissão nos obriga a mudar de país ao fim de um tempo, isto estava previsto que iria acontecer, mas por outro lado, também digo de uma forma sincera que vou sentir saudades do Consulado, das pessoas com quem trabalhei e que muito me ensinaram. Paris é sempre Paris”.

João de Melo Alvim considera que Paris tem “uma equipe muito boa”. Os cerca de 50 funcionários trabalham no Consulado Geral, mas também nos dois Consulados Honorários de Orléans e de Tours, na Antena de Nantes e na Permanência de Lille. “Sem sombra de dúvida que existe uma máquina que tem sido adaptada aos desafios da informatização”.

O Cônsul Geral Adjunto lembrou que o posto consular esteve encerrado durante o confinamento, como estiveram os outros postos em França. “Mas mantivemos um sistema de atendimento por turnos, tentámos sempre responder aos telefones, por vezes recebemos 500 telefonemas por dia, fora os que não podíamos atender, por vezes recebemos 300 e-mails por dia. Evidentemente todas as pessoas têm urgência e por vezes não compreendem muito bem que não seja atendidas imediatamente, mas nós tentamos e quando explicamos às pessoas, elas acabam por perceber” garante João Alvim. “O atendimento do Consulado Geral tem melhorado, foi para isso que eu também tentei contribuir, mas é um esforço que já vem de há muitos anos e que vai continuar”.

Neste momento, todas as “antenas” do Consulado (Orléans, Tours, Nantes e Lille) estão também abertas, mas as Permanências consulares ainda não vão recomeçar para já. “Só vão ser retomadas quando estiverem reunidas as condições. Ainda temos de absorver os pedidos que existem na ‘casa mãe’ e nas antenas. Porque as Permanências são feitas com 3 ou 4 funcionários e estar a tirar 3 ou 4 funcionários em Paris, com tudo o que temos para fazer aqui e os atrasos que temos, não pode ser”.

“Queria notar que a nossa área de jurisdição é a única que cobre quase todos os fusos horários do mundo, porque nós também temos os DOM-TOM franceses” lembra João Alvim.

Na entrevista ao LusoJornal o Cônsul Geral Adjunto lembrou quando teve de ir para a Guadeloupe dar apoio ao repatriamento dos Portugueses que viviam nas Caraíbas aquando da tempestade Irmã, e das semanas que passou na cidade da Beira, em Moçambique, para onde foi quando as cheias bloquearam a cidade e o Consulado português naquela cidade.

Falando da Comunidade portuguesa que serviu em França, diz que “são exigentes, questionam e não há mal nenhum em questionar. Nós também temos de ser questionados para melhorar – podemos achar que estamos a fazer uma coisa muito bem e se calhar até estamos a fazer de forma errada – é bom que sejamos questionados” diz ao LusoJornal antes de citar uma frase de um escritor que diz que “A França é um paraíso, povoado por pessoas que dizem que vivem num inferno”.

Lembrou a força da dupla nacionalidade e a forma como os Portugueses de França vivem esta dupla cultura, mas considera que as Comunidades “podiam ser mais reivindicativas na questão da língua portuguesa”.

Depois de ter estado em missão num Consulado, agora, João Alvim vai assumir função numa Embaixada. “São duas realidades muito diferentes, o tipo de trabalho é diferente, num Consulado é um trabalho mais técnico e administrativo em que a parte política parece que está um pouco esquecida, mas não está. Numa Embaixada, o trabalho é de outro grau de complexidade, outra realidade, trata-se das relações bilaterais entre os dois países, e no caso da Sérvia estamos a falar também da relação da União Europeia com a Sérvia”.

João Alvim também vai exercer as funções consulares, mas apenas se conhecem 89 Portugueses na Sérvia com o Cartão do Cidadão português. “Mas a área de jurisdição da Sérvia, integra também a Macedónia do Norte, o Montenegro e a Bósnia. São 130 Portugueses no total, o que representa um quarto dos utentes que vão ao Consulado de Portugal em Paris por dia” ri.

Na hora da despedida, João Alvim não se esqueceu de deixar uma palavra para o antigo Cônsul Geral – agora Embaixador de Portugal em Cabo Verde – António Moniz “pelo que me ensinou durante quase três anos e meio”, para o Chanceler do Consulado Leonel Rebelo, o Adido Social Joaquim do Rosário e Suzete Simões, assim como ao conjunto de funcionários do posto. “Eu gosto de reconhecer o trabalho dos outros e para eu ter bons ecos é porque estive numa equipa”.

 

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