Lusa / Manuel de Almeida

José Luís Carneiro considera que voto por correspondência dos emigrantes devia ser opcional



O Ministro da Administração Interna, José Luís Careiro, esteve esta semana no Parlamento português, numa audição parlamentar, a seu pedido, para explicar a preparação dos atos eleitorais em 2024, e defendeu que o voto por correspondência dos emigrantes devia ser opcional.

Durante a audição, o PSD e o Chega questionaram o Ministro sobre o que está a ser feito para que se evitem os problemas registados com os votos dos emigrantes nas últimas legislativas e que levou o Tribunal Constitucional a anular e mandar repetir a votação no círculo da Europa em 2022.

José Luís Carneiro defendeu que haveria uma mudança que podia ter sido introduzida de forma simples (mas já não será porque o Parlamento será dissolvido a 15 de janeiro): em vez de enviar os boletins de voto a todos os cidadãos portugueses residentes no estrangeiro, fazê-lo apenas àqueles que manifestassem o desejo de votar por correspondência.

“Isso economizaria muitos milhares de boletins de voto que nunca são devolvidos e depois não têm utilidade. E como seriam dirigidos apenas aos que tinham manifestado essa vontade, podia dispensar-se na lei a exigência da cópia do Cartão do cidadão”, defendeu o Ministro que foi, pelo passado Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

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Eleições europeias terão regime excecional

José Luís Carneiro focou-se sobretudo nas eleições europeias de 09 de junho, para as quais o Parlamento aprovou em novembro um regime excecional para tentar diminuir a abstenção numa eleição que, em Portugal, calhará num período de feriados.

O Ministro da Administração Interna anunciou que nas próximas eleições europeias, as primeiras com cadernos eleitorais desmaterializados, se poderá votar em 13.500 mesas de voto, com mais de 67 mil pessoas envolvidas no processo em todo o país.

“Os eleitores poderão votar antecipadamente ou em mobilidade em qualquer mesa de voto em território nacional ou no estrangeiro”, explicou o ministro, num procedimento que dispensará inscrição prévia.

Para tal, os cadernos eleitorais foram desmaterializados e estarão disponíveis nos cerca de 29.000 computadores adquiridos para o efeito e nas 13.500 mesas de voto previstas (em mais de 6.500 locais de voto), que deverão reunir 67 mil membros de mesas de voto.

Os membros das mesas de voto terão uma formação específica para o efeito e haverá um grande teste no dia 01 de junho.

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Cadernos eleitorais desmaterializados só para as Europeias

Os cadernos eleitorais desmaterializados vão permitir alargar as mesas de voto no estranfeiro. Mas segundo o Governo, os cadernos desmaterializados permitirão sobretudo evitar as listas em papel, garantem a confidencialidade os dados dos eleitores – só é pesquisado o eleitor mediante a apresentação de um documento de identificação civil (quem não esteja identificado só pode votar na mesa a que pertence habitualmente) – e que ninguém poderá votar mais do que uma vez, já que haverá sincronização em tempo real das votações realizadas nas diferentes mesas de voto.

A base de dados centralizada destes cadernos desmaterializados e as componentes de ‘software’ estarão alojados na infraestrutura da Rede Nacional de Segurança Interna e, depois da votação, o armazenamento da informação ficará a cargo do Instituto Nacional de Casa da Moeda. “Há uma garantia de segurança nos dados e votos dos eleitores”, assegurou José Luís Carneiro.

Caso se verifique alguma falha informática, há um plano de contingência por via telefónica a que poderão aceder os membros das mesas de voto.

O Ministro da Administração Interna destacou também a importância do Portal do Eleitor onde poderá ser consultado não só o local de voto mais próximo, mas também o tempo médio de espera.

Sobre o custo global das duas eleições, o Governo estima que seja de 48 milhões de euros no caso das europeias e 24 milhões nas legislativas antecipadas de 10 de março.