Legislativas: Bloco de Esquerda quer que os Deputados pela emigração dependam do número de eleitores

O Bloco de Esquerda quer aplicar aos círculos eleitorais da emigração as mesmas regras que são aplicadas aos círculos distritais em Portugal, para que os Deputados da emigração dependam do número de eleitores. A proposta foi assumida esta manhã, numa conferência de imprensa em Gentilly, nos arredores de Paris, pela Deputada Sandra Cunha, Deputada eleita e novamente candidata por Setúbal, mas também por Tiago Pinheiro, cabeça de lista do BE pelo círculo eleitoral da Europa e por Cristina Semblano, número dois da lista e representante do BE / Europa.

Mesmo se é eleita em Setúbal, Sandra Cunha nasceu em Paris 5 e “tenho grande parte da minha família em Paris, na região parisiense e no sul da França” disse ao LusoJornal. Foi pois naturalmente que interrompeu por 24 horas as ações de campanha no seu próprio círculo eleitoral, para dar apoio à campanha de Tiago Pinheiro em Paris.

Tiago Pinheiro tem 36 anos, é enfermeiro, “foi ativista sindical na linha ‘Saúde 24’ e depois foi forçado a emigrar para o Reino Unido” disse Sandra Cunha ao apresentar os candidatos. “Tive um convite especial para emigrar, feito pelo Governo do PSD/CDS” riu o candidato que entretanto já regressou a Portugal.

A lista integra ainda Abílio Barbosa, da Suíça, que já concorreu nas últimas eleições Legislativas numa lista do Bloco de Esquerda encabeçada por Cristina Semblano, e Teresa Duarte Soares, da Alemanha, que concorreu às últimas Legislativas enquanto cabeça de lista da CDU.

Os candidatos do Bloco de Esquerda defendem uma discussão sobre a rede consular e o recrutamento de funcionários “para atender normalmente os utentes”. Tiago Pinheiro fala em “lacunas” nos serviços e diz que têm de aumentar as Permanências consulares, por exemplo em associações, “aproximando ainda mais o serviço consular, dos Portugueses”.

“Os serviços consulares são uma vergonha” repõe Cristina Semblano. “O terminal de marcação por vezes não funciona, diz que não está disponível, outras vezes marca para dali a três meses ou mais. Mesmo com a marcação, as pessoas têm de esperar na rua, ao frio, por vezes com crianças, como acontece em Londres”.

Cristina Semblano não esqueceu uma “velha” promessa do BE, que quer suprimir as Propinas no ensino de português no estrangeiro, argumentando que “é uma descriminação” e que “não é normal que os filhos dos emigrantes tenham de pagar uma Propina enquanto que em Portugal não há Propina”.

Outro dos assuntos caro a Cristina Semblano é o apoio aos emigrantes lesados do BES. “Dizem-nos que em Portugal as pessoas também ficaram lesadas, só que em Portugal as pessoas sabiam que se tratava de papel comercial e que havia uma dose de risco, enquanto aqui não era o caso, as pessoas aqui foram pura e simplesmente enganadas”.

Aliás Sandra Cunha apresentou Cristina Semblano como “uma voz ativa das Comunidades, no interior do Partido” e lembrou que foi Porta-voz dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos que lutaram contra a privatização da sucursal daquele banco em França. “Nessa altura, o Deputado Paulo Pisco teve um comportamento antidemocrático” acusou Cristina Semblano. “Ele foi à reunião com a Comissão parlamentar e destacou-se por ter posições bem mais reacionárias do que, por exemplo, os Deputados do CDS”.

Sandra Cunha lembrou que o Bloco de Esquerda teve uma “contribuição ativa” na última alteração das leis do recenseamento e eleitoral. “Fomos nós que fizemos a proposta do voto gratuíto. Não faz sentido que em Portugal os Portugueses não paguem nada para votar, e aqui tivessem de pagar. Agora já não pagam” diz ao LusoJornal. “Os outros partidos têm medo da democracia” acrescentou Tiago Pinheiro. “Eu estava lá, na Comissão que debateu esta questão e constatei como o PS esteva a empatar esta questão e não queria ceder” diz a Deputada Sandra Cunha.

Aumentar o número dos candidatos “não vai ser tarefa fácil” assume Sandra Cunha. “Um primeiro passo importante foi feito nesta legislatura, com o aumento do universo eleitoral” e depois vai ser necessário “fazer compromissos”.

No entanto, o Bloco de Esquerda é o primeiro partido a anunciar que quer lutar contra o facto dos emigrantes terem apenas 4 Deputados e não terem o número de Deputados dependente do número de eleitores.

“Aliás não faz sentido o que acaba de dizer o Secretário de Estado das Comunidades quando compara o número de Deputados com o número de votantes. Só faz sentido comparar com o número de eleitores” diz Cristina Semblano.

Esta apresentação à imprensa organizada pelo Bloco de Esquerda teve lugar no café-restaurante português “O Prego”, mesmo em frente da Mairie de Gentilly, a cidade onde Cristina Semblano é Conselheira municipal.

 

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