Lusa | Tiago Petinga

Marcelo Rebelo de Sousa pergunta: “Como podemos nós, pátria de emigração, ser egoístas perante os dramas dos imigrantes?”

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Durante a cerimónica comemorativa dos 49 anos do 25 de Abril, na Assembleia da República, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, condenou os Portugueses que são “egoístas perante os dramas dos imigrantes”, que “constroem Portugal, descontam para a Segurança Social, criam riqueza”.

“Como podemos nós, pátria de emigração – que temos de ser, aliás, mais solidários para com os dramas dos nossos emigrantes – ser egoístas perante os dramas dos imigrantes que são dos outros?”, interrogou, recebendo palmas por parte de todos os partidos menos do Chega, com Deputados das bancadas à esquerda e do PSD a aplaudirem de pé.

Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que vivem em Portugal “centenas de milhares de irmãos” de países de língua portuguesa, “incansáveis no que têm feito por Portugal”, a propósito da sessão de boas-vindas ao Presidente brasileiro, Lula da Silva, que aconteceu imediatamente antes.

O Presidente da República referiu-se aos “irmãos brasileiros, irmãos guineenses, irmãos timorenses, irmãos cabo-verdianos, irmãos são-tomenses, irmãos angolanos, irmãos moçambicanos” e também aos “goeses, macaenses”. “E não posso deixar de alargar a muitos outros que também entre nós, vindos de fora, não falantes de português, constroem Portugal, descontam para a Segurança Social, criam riqueza, contribuem para o nosso futuro, dando força à nossa vocação histórica”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Portugal tem como “desígnio nacional”, não apenas “crescer economicamente mais, o que é importante, ou criar mais igualdade, ou reduzir pobreza ou falta de coesão social e territorial”, mas ser uma “plataforma entre oceanos, continentes, culturas e povos”.

O líder da bancada parlamentar do Partido socialista, Eurico Brilhante Dias, destacou, na intervenção do Presidente da República, as referências à comunidade emigrante em Portugal, “sublinhando que o povo português é um povo de emigração, que deve acolher bem os emigrantes” e que “há sempre um 25 de Abril para construir todos os dias”.

Também o BE considerou “muito oportuno” que o Presidente da República “tenha denunciado a hipocrisia” de quem ataca os imigrantes num país de emigrantes, destacando a importância que teve “reconhecer a violência colonialista e a responsabilidade que Portugal tem”.

A líder bloquista Catarina Martins quis “destacar palavras do senhor Presidente da República que ainda não tinham sido ditas desta forma por um representante do Estado português”. “Registamos que o senhor Presidente da República não só pediu desculpas pela violência da colonização portuguesa como diz que Portugal tem de assumir responsabilidades pela violência que foi essa colonização face aos povos que foram colonizados por Portugal”, enalteceu, considerando que “faltava esta palavra há muito tempo”.

Para Catarina Martins, trata-se de um “momento importante” porque “reconhecer a história é reconhecer a violência colonialista e a responsabilidade que Portugal também tem”.

“Acho muito oportuno que o senhor Presidente da República tenha denunciado a hipocrisia daqueles que atacam imigrantes e a imigração num país que é ele feito de emigrantes e tem comunidades espalhadas em todo o mundo”, sublinhou ainda.

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