Introspeção
Num acordar de inocências sem destreza,
Nas gavetas da minha infância por sorrir,
Pés descalços na pobreza
Um amanhã que teimava não se abrir.
Todo o desalinho do que creio
Num mundo pleno de verdura,
Meus cabelos louros em passeio
No trigo ensolarado da candura.
Mas a precocidade de mulher me tomou:
E a boneca de trapos ganhou siso.
Corpo em cama fria me cansou,
Olhos eternidade, meu paraíso.
Ao preto rebelde dos teus cabelos
Minha alma em branco eu abri,
Virgem solidão dos penedos,
Margarida desfolhada me senti!
O regaço que me ofereceste,
Teus lábios, livro aberto, perdição.
Nostalgia do que me não deste:
Futuro, mão na mão.
Piedade Soares Ly