LusoJornal / Carlos Pereira

Notre Dame: Cândida Rézio: “Fui evacuada pela polícia, foi muito stressante”

Cândida Rezio teve de ser evacuada ontem pela polícia quando começou o incêndio da Notre Dame de Paris. A Portuguesa, professora de português, teve uma loja de produtos portugueses na rue Chanoinesse, mesmo junto à Notre Dame.

“A loja já fechou há mais de um ano, mas ontem estava lá com o novo inquilino, para assinar o aluguer do espaço para outra loja” explica Cândida Rézio ao LusoJornal. “Não nos tínhamos apercebido de nada, até que olhámos e vimos fumo branco e pessoas a gritar”.

Foi assim que Cândida Rézio descobriu que a Catedral estava a arder.

Depois foi tudo muito rápido. “A Polícia evacuou toda a rua, tanto os comerciantes, como os moradores, as pessoas saíam a correr, mulheres com os filhos nos braços, foi uma cena de muita emoção. Fartei-me de chorar, foi muito stressante” conta ao LusoJornal. “Aliás, nem me lembro se fechei a porta da loja. Vou para lá agora, para tentar verificar se está tudo fechado”.

Cândida Rézio vendia produtos portugueses na Talego, uma loja com nome que prestava homenagem ao Alentejo. “Aqui há turistas de todo o mundo, da China, da Rússia, do Brasil, da Itália, da África, eu sei lá, vem gente de todo o lado. Ainda ontem à tarde havia uma fila grande de pessoas para entrar na Catedral”.

As muitas lojas de “souvenirs” vivem essencialmente do turismo. “Numa primeira fase, o turismo não vai ser afetado, porque as pessoas até vêm cá para ver o monumento destruído, mas depois, se ficar vários anos e até décadas em reconstrução, as pessoas vão deixar de vir, porque não vêm cá para ver andaimes e gruas” prevê Cândida Rézio. “Este é o tesouro de Paris que desaparece, Paris nasceu na ilha da Cité”.

Mais do que ter ficado afetada, Cândida Rézio diz ter ficado com pena. “Chorei quando me tiraram de lá para fora”.

Agora vai verificar se a porta da loja está fechada e vai lembrar “para sempre” a última vez que entrou na Catedral. “Fui convidada pelo Padre principal, com os meus filhos, para a Missa deste último Natal, na Catedral. Assisti à missa numa posição privilegiada”.

Mas a imagem da missa de Natal não consegue apagar as chamas, o fumo e a queda do pináculo da Catedral, que imortalizou com as fotografias que ilustram este texto.

 

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