Novo Cônsul Geral de Portugal em Bordeaux: “Vim encontrar um Consulado Geral bem organizado”

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Mário Gomes já foi Cônsul de Portugal em Nogent-sur-Marne, quando o posto encerrou, depois foi Cônsul Geral Adjunto de Portugal em Paris e desde setembro do ano passado que assume as funções de Cônsul Geral de Portugal em Bordeaux. “Nem sempre temos a oportunidade de regressar ao país onde fomos felizes, mas eu felizmente tenho essa sorte. Posso regressar para uma Comunidade que conheço bem. Conheço naturalmente aquela que reside na região de Paris, mas agora faço um esforço para conhecer também melhor a Comunidade que reside aqui na região de Bordeaux e em toda a região da Nouvelle Aquitaine” disse ao LusoJornal.

Este não foi o melhor momento para chegar a um posto. A situação de pandemia de Covid-19 não permite a quem chega de novo, encontrar a Comunidade e partilhar momentos com ela. “Este é um Consulado de dimensão média, temos 10 funcionários neste momento. Está longe da realidade de Paris ou mesmo daquela que encontrei em Nogent-sur-Marne quando lá estive, mas é um posto que está bem organizado, que procura dar um atendimento de qualidade à Comunidade”.

A área consular é vasta e vai de Oloron Sainte Marie, perto da fronteira espanhola, até Angoulême, a norte. Por isso, o Consulado Geral tinha Permanências consulares em 4 localidades. Duas Permanências mensais, em Bayonne e em Pau e duas Permanências de 2 em 2 meses, em Fumel e em Angoulême.

Como em todas as outras áreas consulares, as Permanências foram suspensas por razões sanitárias. “Nós tínhamos tudo preparado para recomeçar as Permanências em janeiro, mas as condições sanitárias são conhecidas de toda a gente e são reconhecidas pela nossa Comunidade, o que para nós é importante. Não nos foi possível recomeçar, agora apontamos para abril, mas não estamos seguros de o poder fazer. Teremos que esperar até que as condições sanitárias o permitam para não pôr em risco, nem os nossos funcionários, nem os utentes, nem os serviços franceses que acolhem as Permanências, já que é um serviço que muitas vezes depende das autoridades locais”.

Depois do primeiro confinamento, o atendimento por marcação, que era apenas uma opção, passou a ser obrigatório. Mário Gomes confessa que o tempo de espera para obter uma marcação “infelizmente não está tão bom como nós esperávamos e gostaríamos”. Mas acrescenta ao LusoJornal que “se for para tratar de um Passaporte espera no máximo 15 dias, mas para o Cartão do cidadão, que é o ato consular mais requerido, o tempo de espera está nos 90 dias”.

Este tempo de espera agravou-se com a pandemia porque “houve um período em que o posto esteve encerrado na prática e apenas atendia casos urgentes e isso fez com que os períodos de espera se fossem acumulando” diz o Cônsul Geral. “Depois há também um fenómeno ligado ao quadro de pessoal. Houve uma diminuição progressiva, sobretudo nos últimos 5 anos” e no ano passado houve situações agravantes de “baixa médica prolongada”.

Mário Gomes estava em posto em Barcelona e diz que preparou a chega a Bordeaux. “Eu tive a sorte de ter um antecessor que deixou o posto a funcionar muito bem, com uma boa relação com o movimento associativo, com a Comunidade e com as autoridades locais”. E acrescenta que “aquilo que tento fazer, é não criar ondas e não estragar aquilo que foi feito”.

O Consulado Geral de Portugal em Bordeaux tem dois Cônsules Honorários: um “histórico” em Dax e outro em Pau. “São Consulados honorários clássicos e não praticam atos consulares”.

Mas Mário Gomes ocupa o lugar que outrora ocupou Aristides de Sousa Mendes. “Ainda há pouco tempo estive com o Maire de Bordeaux e ele dizia-me que Aristides de Sousa Mendes é património da cidade de Bordeaux e é a mesma opinião que tem o Presidente da Metrópole e a Senhora Prefeita da Nouvelle Aquitaine” disse ao LusoJornal.

A pandemia impediu Mário Gomes de visitar as associações portuguesas da região, até porque estão também elas encerradas. Confessa que “grande parte dos dirigentes associativos estão obviamente desanimados com a atual situação, mas estão cheios de vontade e isso é que é o importante para retomarem o mais rapidamente possível os eventos e as atividades”.

Na região, apenas 4 associações estão credenciadas na Direção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP): o Comité Aristides de Sousa Mendes, a associação O Sol de Portugal de Bordeaux e Pessac, a associação Lusofonie de Pau e a Associação France Portugal Europa de Oloron Sainte Marie. Destas, apenas duas formularam pedido de subsídio para 2021 ao Estado português.

Logo que chegou a Bordeaux, Mário Gomes devia inaugurar uma exposição intitulada “1940 L’Exil pour la vie” organizada pelo Coletivo Aristides de Sousa Mendes, nos Archives Départementales de la Gironde, em Bordeaux. O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva tinha agendada uma passagem por Bordeaux para a inauguração, mas teve de ser anulada por razões sanitárias. A exposição ainda está montada, mas pouca gente a visitou porque as instalações estão encerradas ao público.

Entretanto o Cônsul Geral tem acompanhado a “transformação” da associação empresarial local, o Portugal Business Club, em Delegação da Câmara de comércio e indústria franco-portuguesa (CCIFP). A assinatura oficial da criação desta Delegação tem vindo, também ela, a ser adiada pelas razões óbvias de pandemia.

Quando a situação voltar à normalidade, Mário Gomes quer reunir com o Conselho consultivo da área consular – que está atualmente a constituir – quer visitar as associações da Comunidade, nas cidades mais afastadas de Bordeaux, e quer deslocar-se também à área do Vice-Consulado de Toulouse, que depende de Bordeaux, mesmo se o Vice-Consulado tem gestão autónoma.

 

Veja a entrevista completa AQUI.

 

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