LusoJornal | António Borga

Novo Embaixador diz que a “forte Comunidade” é elemento importante na diplomacia entre França e Portugal

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O novo Embaixador de Portugal em Paris, José Augusto Duarte, já passou a primeira semana em França e disse ao LusoJornal que quer manter “laços estreitos” com a Comunidade portuguesa residente neste país. José Augusto Duarte veio substituir Jorge Torres Pereira que passou à disponibilidade.

José Augusto Duarte era Embaixador de Portugal na China e até essa altura era um dos assessores do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acumulando numa primeira fase essa função com a de Embaixador de Portugal em Maputo. Também já passou pelos Estados Unidos, Espanha e União Europeia, e é considerado um dos “melhores” da diplomacia portuguesa.
Logo na primeira semana em Paris, o novo Embaixador português em França recebeu uma delegação do LusoJornal.

 

Ao chegar a França, o que sabe da Comunidade portuguesa residente neste país?

Praticamente não há nenhuma família portuguesa em Portugal que não tenha, de uma forma mais próxima ou menos próxima, emigrantes pelo mundo fora. Somos um país efetivamente de emigrantes. Eu também tenho. Tenho familiares meus que são emigrantes em França. Eu sou de Lisboa, mas por parte da minha mãe, tenho familiares do Algarve e tenho primos da minha mãe que são emigrantes em França já desde os anos 70. Eu próprio tenho um afilhado meu que nasceu e cresceu cá. A minha descoberta da França foi feita através desses meus familiares. Portanto, eu conheço a Comunidade portuguesa por dentro.

 

Vai ter em conta esta mesma Comunidade na sua missão?

O meu trabalho será certamente o de uma ligação com a Comunidade portuguesa. Portugal não teria o peso que tem, na relação com a França, sem ter a Comunidade portuguesa. A Comunidade portuguesa é indispensável para compreender o que são estas trocas comerciais entre Portugal e a França. Elas não seriam a mesma coisa se não tivéssemos aqui esta grande Comunidade. Aliás, Portugal não teria até o prestígio que tem junto das autoridades francesas, se não fossem as qualidades imensas que a Comunidade portuguesa aqui tem revelado, década após década, com as suas qualidades de trabalho, de devoção e de respeito para com as normas legais, para com as leis que existem neste país, e também pelo afeto que desenvolvem para com a França e para com os Franceses, sem rejeitarem ou sem deixarem de ser Portugueses. Essa simbiose é muitíssimo importante e eu certamente não deixarei de trabalhar e de conhecer as Comunidades portuguesas de toda a França, visitarei todos os Consulados, aliás, logo que cheguei visitei o Consulado Geral de Portugal em Paris, visitarei associações, com certeza não me substituirei nunca aos Cônsules, mas trabalharei em complementaridade com os Cônsules, faremos reuniões semanais. Preciso de os compreender, preciso de os conhecer, para também, na minha opinião, melhor fazer aquilo que é o meu trabalho em Paris, de defesa dos interesses de Portugal. Se são os interesses de Portugal, então são os interesses dos Portugueses de Portugal e dos Portugueses que moram em França.

 

E no que diz respeito às relações entre Portugal e a França, que assuntos vai ter em cima da mesa?

Os dois países são membros da União Europeia, então é uma relação diária, com desafios diários, desafios constantes de parceria. Nós vivemos no mesmo mercado interno, vivemos na mesma comunidade de valores, com desafios comuns. Nós estamos juntos nos desafios da crise energética, nos desafios da crise económica, nos desafios de várias crises internacionais, as crises dos dramas da migração que temos no Mediterrâneo… são todos desafios comuns, não é um desafio francês nem um desafio português, são desafios comuns que nós temos que efetivamente de nos coordenar, de contactar, para termos também respostas comuns a esses desafios. A economia, a sociedade, a defesa, a segurança, são tudo matérias que põem em contacto a alta Administração portuguesa e a alta Administração francesa. Diariamente temos sempre muita coisa em cima da mesa e uma relação que é hoje mais intensa do que nunca e, portanto, temos certamente muita coisa a tratar. Esperamos que haja algumas visitas importantes, agora que passou a fase do Covid. Essas visitas oficiais são muito importantes, não é apenas do ponto de vista simbólico – mas também do ponto de vista simbólico, claro – mas sobretudo porque quando se fazem visitas oficiais, também se criam imagens de afetos que são importantes e são sempre uma oportunidade, um pretexto, para negociar novos acordos, novos memorandos e que possam fazer avançar as relações entre os dois países, beneficiando os dois países e as duas sociedades. Eu tenho, de facto, muitos dossiers em cima da mesa, irei consultar as autoridades francesas para ver se conseguimos chegar a acordos, mas não seria correto de os anunciar já, sem falar com eles.

 

Quando vai apresentar as Cartas Credenciais ao Presidente Emmanuel Macron?

Eu tenho a registar a imensa simpatia com que fui recebido aqui, à chegada a França, pelas autoridades francesas. Apresentei cópia das Cartas Credenciais no próprio dia em que eu cheguei – é um ato de deferência e de cortesia que registei com o maior apreço e maior reconhecimento. Foi-me dito que, em princípio, deveremos em breve – talvez em fevereiro ou março – apresentar as Cartas Credenciais ao Presidente Emmanuel Macron. Dito isto, já estou habilitado a desenvolver todo o trabalho, apenas não posso ter ainda encontros formais com o Presidente da República, com a Primeira-Ministra, com o Presidente do Senado e com a Presidente da Assembleia Nacional. Tirando estas quatro personalidades, posso coordenar-me e trabalhar com todos, e é isso mesmo que eu já estou a fazer.

 

Também vai ser Embaixador de Portugal no Mónaco?

Sim, serei também Embaixador no Mónaco, mas só posso pedir a Credencial depois de estar acreditado aqui como Embaixador residente em Paris. Depois serei acreditado como Embaixador não-residente no Mónaco. Mas primeiro, tenho de apresentar as Cartas Credenciais ao Presidente Emmanuel Macron, momento que eu anseio com grande expectativa.

 

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