Opinião: Desprezo, laxismo, falta de respeito, vergonha!

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Desprezo, laxismo, falta de respeito, vergonha! São estas as palavras que me vêm à mente quando penso no lamentável episódio do escrutínio dos votos dos emigrantes.

Depois de anos sem fim em que os emigrantes foram tratados com grande e hipócrita desprezo, anos em que lhes era reconhecido o único mérito de enviar ‘suculentas e salvadoras verbas’ para o país, mas votar nem pensar nisso, “não vão eles votar mal…”.

Muito se batalhou nas Comunidades para reverter esse estado de espírito, com alguns resultados em boa verdade se diga, pese embora o facto de que ainda hoje só se conta o número de cidadãos portugueses que vivem em Portugal – os milhões de emigrantes “passam entre as gotas”.

Quantas vezes ouvimos nas Comunidades o slogan, “quem não vota não conta!”?

Foram feitas tantas propostas e durante tanto tempo, aos diferentes Governos para acabar com os receios antidemocráticos e encontrar novas formas de alargar o acesso aos atos eleitorais dos emigrantes espalhados pelo Mundo.

Houve ou ainda há “medos”?

Em todo o caso o Laxismo continua…

É inadmissível que no ano em que a participação dos emigrantes bateu o record de participação de todos os tempos, se tenha enviado para o lixo 157.205 votos, ou seja, um terço dos inscritos, por outras palavras, 80% dos votos recebidos. E porquê?

Primeiro, porque o exemplo de 2019 não chegou para acabar com o tal laxismo. Recorde-se que nessa data na Europa o PSD, pelos mesmos motivos elencados agora, fez invalidar 34.000 boletins, o que lhe valeu um Deputado. “Boa jogada”!

Como a lei não foi alterada, fez-se uma reunião (a 19 de janeiro) entre partidos que encontraram um acordo (já todos sabemos os detalhes), e ‘siga em frente’.

Mas o dia 30 de janeiro foi para muitos uma grande surpresa: o PS elegeu 117 Deputados. Eis a tal maioria absoluta.

E esta heim?!

E se nas Comunidades o tal terço dos inscritos que votou, tivesse votado como em Portugal?

O PSD foi falar com os seus juristas (que deviam estar em quarentena logo da primeira reunião) e desfez o acordo.

Quando é para garantir um ou dois Deputados tem de se aplicar a lei!

Mesmo quando não se utiliza o mesmo critério nos dois círculos da emigração: Fora da Europa aceita-se o acordo entre os partidos, na Europa não!

Esta falta de respeito para com as Comunidades é indigna e inadmissível.

Só vejo uma saída correta para esta triste página da nossa Democracia: anular a eleição, encontrar um consenso, manter os Deputados anteriores em funções até novas eleições.

Agir com respeito pela Democracia, para que tudo isto não seja mais uma vergonha!

 

Aurélio Pinto

Antigo Secretário Coordenador da Secção do Partido Socialista Português em Paris

 

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