Opinião: Quando um Ministro olha mas não vê…

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]

Quando era catraio, achava engraçada a expressão “olhar com olhos de ver”. Achava engraçada porque, para mim, quem olhava era sempre com o objetivo de ver.

Só bem mais tarde percebi que podemos olhar e só ver o que queremos ver.

 

E por que razão vos digo isto hoje?

É por causa do Ministro da Defesa João Gomes Cravinho.

 

O LusoJornal fez, já por várias vezes, trabalhos jornalísticos sobre o Cemitério militar português de Richebourg. A nossa equipa no norte da França, coordenada por António Marrucho, fez um minucioso trabalho no cemitério e tirou fotografias a todas as campas. Repito, a todas as campas.

O Cemitério Militar Português de Richebourg tem 1.831 campas de soldados do Corpo Expedicionário Português (CEP) que participaram da I Guerra Mundial e que morreram em França.

Temos pois um dever de memória para com esses rapazes – na altura eram rapazes – que vieram combater em França. Aliás, o cemitério integra uma candidatura à lista do património da Unesco com um conjunto de outros cemitérios na região.

Nos trabalhos de reportagem do LusoJornal, temos mostrado campas caídas, campas partidas, campas completamente tortas, campas que estão em tão mau estado que já não se lê o nome dos soldados que lá estão enterrados e até campas literalmente comidas pelas árvores do cemitério.

Mostrámos fotografias. Não denunciámos só por denunciar. Não se tratam de notícias gratuitas. Mostrámos as provas porque temos as provas.

O Ministro da Defesa João Gomes Cravinho visitou o Cemitério Militar Português de Richebourg há sensivelmente um mês e numa audição, na semana passada, no Parlamento português, respondendo a uma pergunta do Deputado Carlos Gonçalves, afirmou que o cemitério estava “digno” e que apenas necessitava de uns trabalhositos por aqui e por ali, que não passavam de mera “intendência”.

Eu nem queria acreditar no que estava a ouvir.

Razão tinha a minha avó em dizer que “quem não vê,… é porque é cego”!

Mas esta é apenas a minha opinião.

 

Esta crónica do jornalista Carlos Pereira, Diretor do LusoJornal, é difundida todas as semanas, à quinta-feira, na rádio Alfa, com difusão antes das 7h00, 9h00, 11h00, 15h00, 17h00 e 19h00.

 

[pro_ad_display_adzone id=”41082″]