LusoJornal | Carlos Pereira

«Paris-Porto»: a Melhor mercearia estrangeira de França é portuguesa

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Atribuído pela Epicures 2022, durante uma cerimónia que teve lugar há um mês, no Hôtel de Poulpry, em Paris 7, a “Paris Porto”, criada há 5 anos em Montmartre e dirigida pela jovem lusodescendente Kelly Neves, recebeu o prémio de Melhor Mercearia Estrangeira de França, pela sua “autenticidade”.

 

“Este prémio veio dar-nos mais responsabilidade, evidentemente, por ser um prémio francês, com um júri muito famoso e porque foi o Chef Juan Arbelaez que nos entregou o prémio. É um orgulho para nós” disse ao LusoJornal Kelly Neves.

Presidido por André Terrail, proprietário do mítico restaurante parisiense La Tour d’Argent, e apadrinhado pelo mediático Chef Juan Arbelaez, o júri escolheu a Mercearia do ano, a melhor Mercearia mista, a melhor Mercearia estrangeira e o melhor Site e-commerce. No júri estavam ainda Marie-Édith Lecoq, dirigente da revista Le Monde de l’Épicerie Fine, Samy Vischel, CEO de Fauchon, Bruno Lecoq, Diretor da redação de Le Monde de l’Épicerie Fine, Alessandra Pierini, fundadora da Rap Épicerie italienne e autora, Florent Simmoneau, Diretor comercial e de marketing de Chronofresh, Florence Cane, fundadora de Milouin, Pascal Mièvre, fundador de Épicerie Fine Rive Gauche, Alexis Roux de Bézieux, Presidente da Fédération des Épiciers de France e fundador de Chez Causses, Ferréol de Bony, Diretor de compras da Grande Épicerie de Paris e Laurent Guez, Diretor editorial de Food Groupe Les Échos-Le Parisien.

A “Paris-Porto” está na rue des Marthyrs, na encosta de Montmartre. Por isso, os clientes são franceses, portugueses e turistas que passam por ali quando vão até ao Sacré Coeur. “Temos uma forte clientela de bairro e a clientela de bairro é essencialmente francesa” diz Kelly Neves.

“O conceito é que isto parece uma mercearia antiga, mas é uma mercearia bastante jovem” diz a fundadora. “Há muitos anos ninguém queria ouvir falar em Portugal e felizmente agora toda a gente se interessa, gostam cada vez mais e querem descobrir novos produtos”.

Como em qualquer mercearia, aqui podemos encontrar produtos históricos, produtos nacionais, produtos de pequenos produtores, desde os vinhos às conservas, aos pastéis de nata, passando pelo azeite, mel, carteiras de cortiça, brincos de Viana, livros e até café”.

“Eu escolho os pequenos produtores e os produtos que me interessam em Portugal, as marcas nacionais, as marcas históricas” diz Kelly Neves. “Em Portugal há pessoas que me vão aconselhando esta ou aquela marca, este ou aquele pequeno produtor”. Ainda recentemente Kelly Neves participou num programa para facilitar a exportação de produtos alentejanos. “Isso permitiu-nos ver o que se faz localmente. Nós estamos sempre a ver o que há de melhor para a nossa loja” disse numa entrevista ao LusoJornal.

Kelly Neves já nasceu em França, com uma irmã gémea e a irmã mais velha, arquiteta, também nasceu cá. O pai é de Pombal e a mãe é de Vieira do Minho. “Sempre tivemos a sorte de ter estas duas culturas, a francesa e a portuguesa, ao mesmo tempo. Sempre falámos português em casa, sempre fui apaixonada pelos produtos portugueses pelo que é nacional e até orientei os meus estudos para o comércio internacional”. Estudou espanhol e português e tirou um mestrado na Sorbonne, em estudos ibéricos e latino-americanos. Depois começou a trabalhar na Delta, em França, a vender café. “No segundo ano do mestrado fiz a minha tese sobre a produção nacional e, finalmente, esta loja é um meio de concretizar a minha tese e de a aplicar à realidade” explica Kelly Neves.

A jovem empreendedora aproveita do “efeito de moda”. “Os franceses vão cada vez mais a Portugal e quando voltam eles gostam de comer um pastel de nata, ou outros sabores que descobriram lá, mas não encontram aqui nos grandes centros comerciais” explica.

O prémio agora recebido já está exposto na “Paris-Porto” e Kelly Neves procura já um espaço para abrir uma segunda loja. “Estamos à procura. O espaço é muito importante, como aqui. Tem de ser num sítio específico, onde eu consiga fazer a mesma coisa” confessa ao LusoJornal.

 

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