Portuguesa de França em quarentena na Itália queixa-se de não ter apoio consular mas o Governo desmente

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A portuguesa residente em França Sara Conceição, suplente do Conselho das Comunidades Portuguesas e dirigente da Organização do Partido Comunista Português em França encontra-se há um mês na Itália, em quarentena num “Hotel Covid” e queixa-se de não ter apoio consular.

Mas uma nota do Gabinete da Secretária de Estado das Comunidades reiterou que, sem prejuízo da prestação do apoio consular, “os cidadãos que optaram por assumir o risco da deslocação em viagens não essenciais fizeram-no contrariando as recomendações das autoridades consulares portuguesas”.

Sara Conceição foi candidata na lista encabeçada pelo Conselheiro Raul Lopes ao Conselho das Comunidades Portuguesas, e foi passar férias na Itália. A Presidente do CCP/Europa, Luísa Semedo, escreveu uma carta à Secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, argumentando que “as condições em que se encontra retida são deploráveis”, enviou fotos do tipo de refeições escassas a que tem acesso, “a água sai quente da torneira da casa de banho e tem de a deixar resfriar antes de beber, etc. Está em causa também a sua própria saúde”. Diz também que Sara Conceição já teve “uma crise de ansiedade”.

“Falando com ela ao telefone posso testemunhar do estado de desespero em que se encontra neste momento. De uma certa forma as condições em que se encontra são ainda piores do que uma prisão, pois não tem sequer a possibilidade de sair para o corredor” escreve a Presidente do CCP/Europa.

Luísa Semedo garante, na carta enviada a Berta Nunes, que Sara Conceição “não obteve qualquer ajuda até agora do Consulado. E não sabe quando pode sair. Estou muito preocupada por ela e pela sua integridade física e mental. Segundo a funcionária do Consulado com quem ela falou, estão nesta situação cerca de 20 portugueses em Itália, sendo que em Nápoles as condições seriam ainda piores”.

 

Férias estragadas

Sara Conceição chegou a Roma, embarcada em Paris, no dia 15 de julho. “Viajei com um teste PCR negativo, feito em Paris no dia 13 de julho” mas uma semana depois começou a ter sintomas e no seguimento de um novo teste, acusou positivo. “Isolei-me de imediato no hotel onde estava, comuniquei esta informação às autoridades italianas e fui no dia 30 transferida numa ambulância para aquilo a que chamam um ‘Hotel-Covid’ […], onde me encontro desde então no mais absoluto isolamento” diz a portuguesa.

Entre os dias 30 de julho e 8 de agosto, Sara Conceição queixa-se de ter estado fechada num quarto de 10 a 15 metros quadrados, sem acesso a nenhum espaço exterior onde pudesse apanhar ar. “O quarto tinha uma janela, que dá para uma estrada muito movimentada mas o barulho do trânsito, verdadeiramente insuportável, obrigava-me a tê-la fechada. No dia 8 de agosto, depois de uma crise de desespero, mudaram-me para um quarto que tem uma varanda, mas de onde continuo a não direito a sair. Não tenho direito a manter a porta do quarto aberta para fazer circular o ar, por exemplo, nem a sair para o corredor”. Queixa-se também da qualidade das refeições que “é muito má e são apenas duas por dia – almoço e jantar. Distribuem além disto, de manhã, um saco de plástico com um pacotinho de azeite, um pacotinho de queijo ralado, sal, um copo e talheres de plástico, um guardanapo e geralmente, embora nem sempre, uma peça de fruta”.

 

Apoio consular posto em causa

Sara Conceição queixa-se ainda de não falar italiano e de nunca lhe ter sido proposto nenhum intérprete. “Na tarde do dia 7 de agosto contactei por telefone o Gabinete de emergência consular (GEC), expondo a situação. Disseram-me que tinha que cumprir a quarentena até ao fim e que nada podia ser feito em relação às condições em que me encontrava, mas que poderia na mesma expor a situação por escrito. A exposição e várias fotografias da alimentação a que estou sujeita seguiu já na madrugada do dia 8. Esse email foi transferido pelo GEC para a Secção consular em Roma no decorrer do dia 8. Na tarde do dia 9, sem resposta, liguei para a Secção consular em Roma. A senhora que me atendeu explicou-me que não poderiam intervir, por um lado por me encontrar em solo estrangeiro e por outro por falta de meios, pois eram ‘1,5 pessoas’ para toda a Itália, Malta e Albânia (Albânia se não estou em erro). Disse-me que estavam na Itália cerca de 20 outros portugueses na mesma situação, entre os quais uma atleta nacional e algumas pessoas em Nápoles numa situação sanitária de grande precariedade, pelos visto ainda maior que a minha”.

Mas o Governo português esclareceu agora que “há apenas seis cidadãos nacionais” em quarentena em Itália, dizendo que todas as situações “estão a ser acompanhadas” e recusando “qualquer insuficiência de recursos humanos” para esse apoio.

“Todas as situações estão a ser acompanhadas, não havendo qualquer insuficiência de recursos humanos para o desempenho destas tarefas. Recorda-se que desde o passado dia 17 de junho está em funcionamento o Centro de Atendimento Consular para Itália, que passou desde essa data a assumir todas as respostas a telefonemas e ‘emails’ dirigidos ao posto”, disse à Lusa fonte do Gabinete da Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.

De acordo com o comunicado, a Embaixada de Portugal em Roma “tem assegurado um contacto direto com os cidadãos nacionais e o acompanhamento regular de todas estas situações”, assim como “efetuado contactos com as autoridades italianas, unidades de saúde e hoteleiras para assegurar que são garantidas as necessárias condições de alimentação, salubridade e saúde dos cidadãos nacionais afetados”.

 

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