Queda de avião em Cascais em 2017 com 4 mortos franceses deveu-se a falha do piloto

O relatório final do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) sobre a queda de um avião em Tires, Cascais, em abril do ano passado, foi agora divulgado e conclui que a causa do acidente foi “a perda de potência no motor esquerdo” e o facto do piloto não ter “formação adequada” para reagir perante uma emergência real de falha de motor crítico, imediatamente após a descolagem.

No final da manhã de 17 de abril do ano passado, o Piper descolou do Aeródromo Municipal de Tires, distrito de Lisboa, com destino a Marseille, mas acabou por cair a 700 metros do final da pista de descolagem. O bimotor, da Symbios Orthopedic, empresa especializada em implantes ortopédicos, despenhou-se no parque de descargas de um supermercado LIDL, numa densa área habitacional, com o piloto de nacionalidade francesa com passaporte suíço e três passageiros de nacionalidade francesa: um casal e uma mulher.

O acidente provocou a morte do piloto, Jean Plé, de 69 anos e Diretor da Symbios Orthopedic, de Jean-Pierre Franceschi, conhecido cirurgião ortopédico ligado ao mundo do desporto, da sua mulher e de uma amiga de ambos.

A quinta vítima mortal foi um camionista português, com cerca de 40 anos e que, aquando da queda da aeronave, se encontrava a descarregar produtos no parque de mercadorias do LIDL, na freguesia de São Domingos de Rana (vila de Tires).

O documento refere que as causas da falha do motor esquerdo (motor crítico) do bimotor (modelo Piper PA-31T Cheyenne II) “não puderam ser determinadas devido aos danos do impacto e ao fogo intenso”.

O relatório toxicológico do piloto “revelou a presença de etanol (álcool)” de 0,38 gramas de álcool por litro de sangue.

O GPIAAF ressalva, porém, que “vários autores com estudos detalhados em investigação toxicológica forense são unânimes em afirmar que o teor de álcool quantificado no exame toxicológico do cadáver, através da análise ao sangue, não representa uma certeza quanto ao valor toxicológico real, podendo haver resultados positivos quando não houve álcool ingerido”.

O GPIAAF explica que numa aeronave de dois motores, quando um motor falha, o momento de guinada deve ser contrariado pela ação do piloto nos comandos, acrescentando que, após uma falha do motor na descolagem, é “necessária uma intervenção rápida e precisa” do piloto.