RFI sem serviço noticioso em português devido a greve

A Radio France Internationale (RFI) teve ontem o seu serviço noticioso em português limitado devido à greve geral na sequência de um plano que prevê a supressão de postos de trabalho entre os jornalistas lusófonos. “Estamos completamente contra a supressão de um posto de trabalho que seja. Estão a chamar a isto despedimentos voluntários, mas é algo escandaloso cortar numa zona do mundo como a África lusófona, para onde a RFI emite todos os dias”, afirmou Sabine Mellet, Delegada sindical da CGT para os jornalistas e também Chefe de redação adjunta do serviço da África francófona na RFI, que emite em várias línguas para todo o Mundo.

Esta ação de luta contra as mudanças apresentadas pelo Conselho de administração da France Medias Monde, que agrega a RFI, a estação de televisão France 24 e a rádio Monte Carlo Doualiya, em árabe, partiu dos jornalistas da redação de língua portuguesa. Estes cortes coincidem também com as jornadas de greve geral em França devido ao projeto de reforma do sistema de pensões.

A redação em português da RFI conta atualmente com oito jornalistas fixos e quatro em regime de trabalho independente, tendo chegado a ter há alguns anos 15 jornalistas fixos. Esta redação emite diariamente informação desde São Tomé e Príncipe até Maputo, contando ainda com vários correspondentes nos países lusófonos.

Os cortes não se ficam pela redação em português, estando prevista também a supressão de 20 postos de trabalho de jornalistas em árabe e sete ou oito em inglês, e mostram uma tendência para que o serviço de rádio deixe o FM e passe a ser feito apenas online, algo difícil em certas regiões do Mundo onde o acesso à internet é limitado. “É uma cobertura complexa, porque não há democracia em todo o lado e não podemos deixar as zonas rurais sem notícias, porque este plano quer acabar com postos de trabalho na rádio e passar tudo só para internet. Estamos a falar de países onde não há internet em todo o lado”, disse Sabine Mellet.

Ainda sem uma Assembleia Geral marcada para coordenar os esforços de mobilização, os trabalhadores da RFI têm contado com o apoio da Comunidade portuguesa. Uma petição iniciada ainda em dezembro por Luísa Semedo, Conselheira das comunidades portuguesas em França, já conta com mais de 600 assinaturas. “Mesmo que as pessoas se mobilizem, o problema é que temos um Estado que não compreende a importância de uma rádio como a RFI, difundida em diferentes línguas, e a sua repercussão em África. (…) Deixar assim este serviço é catastrófico”, indicou a sindicalista.

Além da RFI, também a Radio France, emissora pública francesa, está em greve há 38 dias consecutivos devido à proposta de supressão de 300 postos trabalho, sendo que o objetivo final destas alterações na rádio pública é uma fusão entre a France Medias Monde, a Radio France e, possivelmente, a France Television, o serviço público de televisão.

 

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