Rodrigo Cabrita

Sandra Fleury: a enfermeira lusodescendente de Lyon que foi ajudar as equipas médicas de Almada

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Sandra Fleury, enfermeira na região de Lyon, participou numa missão de segurança civil em fevereiro passado para ajudar as equipas médicas em Portugal, em pleno pico da pandemia de Covid-19 e relata ao LusoJornal a sua experiência, descrevendo o seu trabalho atual com a vacinação.

Sandra Fleury é enfermeira com o grau de Capitão nos Bombeiros Sapadores de Lyon há 5 anos. Trabalhou durante 22 anos em meio hospitalar, em diferentes departamentos e foi Bombeira voluntária durante muitos anos. “Depois de tantos anos no hospital, percebe-se que não se tem estrelas nos olhos e eu não me estava a divertir, por isso parti para os bombeiros porque era aí que me estava a divertir” conta ao LusoJornal.

Quando a pandemia chegou, Sandra Fleury e os bombeiros enfrentaram muitas complicações. “Os bombeiros tiveram dificuldades, ao contrário do que disse a comunicação social. Estávamos na linha da frente. Fomos confrontados com o vírus nas intervenções, por vezes as pessoas tinham o Covid mas não o diziam, umas não se protegiam e outras não sabiam que estavam doentes. A partir daí, os colegas adoeceram, por isso foi difícil estabelecer horários, foi bastante difícil. Também temos de lidar com as mortes e isso não é realmente fácil”.

Atualmente, a prioridade para os bombeiros e as equipas médicas é a vacinação, e Sandra Fleury é uma das enfermeiras implicada nesta operação. “Criámos um Centro de vacinação. Há muitas pessoas, por isso há muita disponibilidade para estar presente e assegurar os dispositivos. Atualmente os Bombeiros Sapadores do Rhône vacinam 5.000 pessoas por dia. Notamos que as pessoas não estão tão reticentes e que estão conscientes da utilidade da vacinação por diferentes razões. Pode ser apenas para evitar ficar doente ou apenas para poder sair e ir de férias. Estivemos confinados durante tanto tempo que penso que as pessoas estão dispostas a fazer o que acharem correto para poderem desfrutar da vida” explica Sandra Fleury numa entrevista ao LusoJornal.

 

Uma missão de ajuda em Portugal

Em fevereiro passado, Sandra Fleury voluntariou-se para participar numa missão de segurança civil em Portugal para ajudar as equipas médicas do Hospital Garcia de Orta de Almada, perto de Lisboa. Nascida de pais portugueses, a enfermeira fala fluentemente português, o que facilitou a missão. “Trabalhámos na unidade de cuidados intensivos durante duas semanas, não para revolucionar os serviços, nem as técnicas já utilizadas ou a forma de fazer as coisas, mas para os ajudar no seu trabalho e para lhes dar uma lufada de ar fresco. Conseguiram descansar mais com a nossa presença. Também penso que moralmente lhes fez bem ver que terceiros se preocuparam com eles e foram lá para os ajudar. Esse é o feedback que recebemos” explica Sandra Fleury. “Pessoalmente foi positivo, mesmo apenas em termos humanos, é extremamente rico. Há também um lado sentimental para mim que vai para o país onde os meus pais nasceram. Partimos com um objetivo que era o de os aliviar e o objetivo foi alcançado”.

Durante a sua estadia, Sandra Fleury notou as dificuldades experimentadas pelos cuidadores portugueses, mas também as diferenças entre a situação em França e em Portugal. “Eles tinham muitos pacientes e, ao falar com o pessoal, estavam realmente cansados moralmente. Foi um período em que houve muitas mortes e nunca se está preparado para ver tantas pessoas morrer, especialmente quando se tenta fazer tudo o que se pode para as ajudar”.

Sandra Fleury afirma ainda que “notei que em Portugal as pessoas são muito mais cautelosas na rua ou nos centros comerciais. São muito respeitadoras das medidas sanitárias. São realmente respeitadoras das coisas, também é muito português fazer as coisas corretamente. Em França, as pessoas fazem frequentemente o que querem”.

 

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