Santa Casa da Misericórdia de Paris debateu sobre casos de Solidão na Comunidade portuguesa

A Santa Casa da Misericórdia de Paris organizou as suas IX Jornadas Sociais no Consulado Geral de Portugal em Paris, que começaram com um colóquio sobre a questão da solidão.

Para além de um momento de reflexão, o objetivo era, igualmente, o de reunir voluntários para acompanhar as pessoas que se encontram isoladas e carecem de apoio moral e afetivo.

Foram discutidos dados sociológicos sobre a situação de solidão em França, em geral, e dos Portugueses em França, em particular, através da intervenção de Aníbal de Almeida que sublinhou o facto de que 60% das solicitações formuladas junto dos voluntários do «Sécours catholique» são pedidos de escuta e conselho, contra 56% de pedidos de géneros alimentares.

Em relação aos Portugueses residentes em França, Aníbal de Almeida relembrou os números obtidos no inquérito PRI (Passagem à Reforma dos Imigrados), promovido pela CNAV (Caisse Nationale de Vieillesse) na qual a Santa Casa da Misericórdia colaborou com o apoio da Embaixada de Portugal em França.

A Santa Casa publicou os resultados do inquérito relativos à solidão numa obra intitulada «Os Portugueses em França na hora da reforma», e os resultados obtidos são os seguintes: «35,4% dizem sentir-se sozinhos, dos quais 10,7% com muita frequência. Correlativamente, verifica-se que quase metade, 46,2% afirmam sentir-se deprimidos, 12,7% frequentemente e 33,5% de vez em quando».

O ponto de vista psicológico, também foi apresentado através da intervenção do psicanalista Manuel dos Santos Jorge que enfatizou a questão do sentimento de solidão e abandono que pode surgir em várias fases da vida nomeadamente na infância.

A reunião de reflexão contou ainda com as intervenções baseadas no trabalho de terreno dos dirigentes associativos Suzette Fernandes e o seu trabalho no meio hospitalar e José Afonso que trabalha essencialmente no meio associativo.

Para além do colóquio anual sobre uma temática respeitante a questões de solidariedade, a Santa Casa da Misericórdia de Paris organiza igualmente todos os anos uma cerimónia em memória dos doze falecidos portugueses que se encontram sepultados no jazigo daquela instituição, no Cemitério sul de Enghien-le-Bains.

«Estes portugueses faleceram abandonados e para evitar que fossem enterrados anonimamente numa vala comum, a Misericórdia de Paris, estabeleceu contactos com algumas Câmaras municipais da região parisiense, afim de procurar obter um terreno num cemitério» explica a instituição. «A Câmara Municipal de Enghien-les-Bains, em 1998, pôs o terreno à disposição da Santa Casa da Misericórdia de Paris num dos cemitérios da municipalidade, no qual esta construiu um jazigo com capacidade para receber doze caixões. Em 1999 foi realizado o primeiro funeral. E, entretanto, os doze lugares foram preenchidos, tendo sido depois feito o pedido, que foi acedido, de mais quatro lugares num novo jazigo».

A Santa Casa da Misericórdia procura voluntários para as suas ações, nomeadamente as de visitação a pessoas isoladas nos hospitais, lares e prisões.

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