Sindicato acusa CGD/França de ameaças e o banco admite agir judicialmente

A intersindical FO-CFTC acusou ontem a Caixa Geral de Depósitos (CGD) em França de ter ameaçado os trabalhadores em greve de avançar para tribunal e o banco público admite agir judicialmente «caso se torne necessário».

A intersindical denunciou em comunicado que os trabalhadores da sucursal francesa, há 37 dias em greve, foram ameaçados pela Direção do banco de recurso aos tribunais «por abuso do direito de greve».

Questionada pela Lusa, fonte oficial da CGD disse que «no quadro de negociações difíceis que já se prolongam há mais de um mês, a Caixa reserva-se o direito de invocar a possibilidade de defesa em sede judicial, caso se torne necessário, tal como já foi utilizada pelos sindicatos em questão».

«Sobre as estratégias do sindicato, não fazemos, nesta altura comentários», acrescentou a fonte num comentário ao protesto agendado para esta sexta-feira dos trabalhadores frente à Embaixada de Portugal, em Paris.

A FO-CFTC acusa também a CGD de ter proibido o acesso dos trabalhadores grevistas às instalações sindicais e da comissão de trabalhadores e fazer seguir os trabalhadores em greve por seguranças e oficiais, bem como de ter ameaçado os trabalhadores em greve de forma explícita ou velada. «A Intersindical FO-CFTC e a Comissão de Negociação eleita pelos trabalhadores em greve aguarda que o Conselho de Administração e a Comissão executiva da CGD respondam ao seu apelo para nomear um interlocutor sério e de boa fé a fim de pôr rapidamente termo a um conflito prejudicial para a sucursal, o grupo público e o país», refere.

A Intersindical e a Comissão de Negociação eleita pelos trabalhadores em greve lembram que apelaram a uma manifestação no dia 25 de maio às 14 horas junto da Embaixada de Portugal em Paris para protestar contra a alienação da Sucursal e a morte do serviço da banca pública à clientela emigrante portuguesa em França.

A manifestação de sexta-feira visa contestar a alegada «alienação (venda) da sucursal de França da CGD prevista no plano de reestruturação negociado pelo Governo português com Bruxelas e a consequente morte do serviço público da banca dirigido à emigração portuguesa em França».

A intersindical FO-CFTC, que apoia a greve que começou em 17 de abril, critica a falta de acesso dos trabalhadores ao plano de reestruturação do banco e acusa a Direção da CGD em França de «gestão danosa» devido a «projetos inoperantes que levaram a uma acentuada degradação do serviço à clientela portuguesa e à deterioração da saúde física e mental dos trabalhadores».

Cristina Semblano, membro da Comissão de negociação eleita pelos trabalhadores em greve, sublinhou recentemente à Lusa que o protesto vai realizar-se em frente à Embaixada de Portugal em Paris para «chamar a atenção do Governo português para que a Caixa Geral de Depósitos, empresa pública, está numa situação de paralisação total e que até agora não parece ter havido preocupação em pôr um termo a essa situação».

Para a porta-voz da intersindical FO-CFTC, «o fim deste conflito» passa por «abrir negociações sérias», acusando a Direção-geral da sucursal de não ser «de forma alguma um interlocutor de boa-fé» porque, «em dois anos, é o segundo movimento social que mostra a má vontade desta Direção-geral em dialogar».

Por outro lado, Cristina Semblano acusa a Direção-geral da sucursal francesa de estar a reunir-se com «representantes de sindicatos minoritários que nada têm a ver com o movimento de greve», considerando que «a única instância legítima e legitimada pelos trabalhadores para dialogar no âmbito de um movimento social» é a Comissão de negociação composta por membros eleitos pelos trabalhadores em greve.

A greve, iniciada no dia 17 de abril, foi apoiada pela intersindical francesa FO-CFTC, mas não foi seguida pelos sindicatos CGT e CFDT.

Numa carta aberta enviada aos membros do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da CGD Lisboa e ao Ministério das Finanças, datada de 18 de maio, a Comissão de negociação exigiu um novo interlocutor para dialogar e acusou a Direção-geral da sucursal francesa de minimizar o impacto da greve.

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