Trabalhadores grevistas da CGD/França exigem novo «Negociador»

A Comissão de negociação dos trabalhadores da Sucursal em França da Caixa Geral de Depósitos (CGD), em greve há mais de 30 dias, exige à Administração do banco público e ao Ministério das Finanças um novo interlocutor para dialogar.

Numa carta aberta enviada aos membros do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da CGD Lisboa e ao Ministro das Finanças, os representantes dos trabalhadores em greve acusam a Direção Geral da Sucursal de minimizar o impacto da greve e de estar a negociar com representantes sindicais que não estão mandatados para tal. «É por considerarmos esta situação altamente prejudicial para a CGD, no seu conjunto, e altamente lesiva do interesse público que solicitámos aos senhores administradores e às senhoras administradoras a nomeação de um outro interlocutor para negociar com a Comissão eleita pelos trabalhadores em greve da sucursal», lê-se na carta.

Os trabalhadores da CGD em França iniciaram uma greve no dia 17 de abril, exigindo melhores condições remuneratórias e de trabalho e a manutenção dos empregos, que consideram ameaçados com a possível alienação da Sucursal.

Os grevistas elegeram na altura uma Comissão para desenvolver a negociação com a Direção Geral da Sucursal da CGD, independente dos sindicatos, apesar de a paralisação ter sido convocada por duas estruturas sindicais francesas, a FO e a CFTC.

No entanto, a Direção da Sucursal tem-se reunido apenas com os representantes da CGT e da CFDT, ignorando a vontade dos trabalhadores, segundo disse à Lusa Cristina Semblano, da Comissão de negociação.

Os trabalhadores defendem que a Comissão eleita é a «única e legítima interlocutora», considerando que, do «ponto de vista legal, (…) qualquer acordo concluído fora dela será nulo».

Na carta enviada na sexta-feira à noite, a Comissão negociadora acusa ainda a Direção da Sucursal de ter sido responsável em dois anos por dois movimentos de greve e de ter feito «ouvidos moucos às tentativas de diálogo, praticando uma gestão autoritária e infratora à lei – com várias queixas formuladas junto dos tribunais, inspeção do trabalho e Procuradoria-Geral da República».

A Comissão exige, assim, um «interlocutor idóneo e de boa-fé» para discutir as reivindicações dos trabalhadores, «face à acelerada degradação das suas condições de trabalho e do serviço à clientela, à sua situação salarial, às perturbações de toda a ordem que induz uma gestão pouco transparente e danosa da banca pública em França e ao futuro da sucursal».

Desta forma, a Comissão apela para que o novo interlocutor seja nomeado de imediato e que inicie a sua missão já na próxima semana.

Segundo disse à Lusa Cristina Semblano, a greve dos trabalhadores está a afetar sobretudo os serviços centrais da Sucursal, nomeadamente os serviços jurídicos e operacionais, o que tem levado à acumulação de processos.

Os trabalhadores temem a alienação da Sucursal francesa e tem pedido o acesso ao plano de reestruturação do banco negociado com a Comissão Europeia e que prevê a redução da operação do banco público, também fora de Portugal.