Carolina Amado é a nova Conselheira das Comunidades

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Carolina Amado é a nova Conselheira das Comunidades Portuguesas em substituição de António Capela, que se demitiu em novembro do ano passado. Entretanto a Secretária de Estado Berta Nunes já procedeu à substituição legal do Conselheiro e Carolina Amado assinou no dia 23 de janeiro o termo de posse, no Vice Consulado de Portugal em Toulouse.

Carolina Amado chegou a Toulouse em 2013, para acompanhar aquele que viria a ser seu marido. “Estudei em Coimbra, depois fui estudar para Lisboa e comecei a trabalhar em Portugal. Entretanto o meu marido – na altura ainda não éramos casados – veio para França, e eu segui-o” explica ao LusoJornal. “Voltei a estudar aqui em França porque é difícil entrar no mercado do trabalho em França se não tiver nenhuma ligação ao país”. Orientou-se para o setor da indústria aeronáutica, onde trabalha, porque é em Toulouse que está o maior cluster europeu no setor da aeronáutica.

“Estou muito contente por estar aqui. Toulouse é uma cidade muito acolhedora, tem uma Comunidade portuguesa também ela muito acolhedora e ao longo destes 7 anos eu também fui participando nesta Comunidade, dando um contribuindo, à minha maneira. Fui podendo partilhar com tanta gente, aquilo que nos move a todos que é a Portugalidade”.

Logo que chegou a Toulouse, Carolina Amado começou a participar na vida de algumas associações. Quando António Capela decidiu candidatar-se ao CCP, a atual Conselheira já militava na Associação Nossa Senhora de Fátima. “O António Capela convidou-me para ter uma lista mais abrangente, mais eclética e que não representasse só a Comunidade que já cá estava há muito tempo, mas também ter uma visão de alguém que chegou há não muito tempo” explicou ao LusoJornal.

 

Distribuição de Conselheiros deve ser revista

O Conselho das Comunidades é o órgão de consulta do Governo em matéria de Comunidades e de emigração. Em França há 10 Conselheiros eleitos: 5 na área consular de Paris, 2 nas áreas consulares de Bordeaux e Toulouse, 2 nas áreas consulares de Marseille e Lyon e 1 na área consular de Strasbourg.

Carolina Amado põe em causa esta distribuição. “Imagine que os Conselheiros vencedores eram apenas de uma área consular, a Comunidade da outra região não ficaria representada”.

Na eleição, acabou por concorrer uma lista com candidatos de Bordeaux, que elegeu Valdemar Félix Camarinha e uma lista com candidatos de Toulouse, encabeçada por António Capela, seguindo-se Carolina Amado, Carlos Carneiro e Pedro Duarte.

“O António Capela teve sempre essa preocupação de acompanhar também ao máximo a região de Bordeaux, com o apoio de algumas pessoas daquela zona, nomeadamente Alexandre Dias ou Filipe Dantas” diz Carolina Amado.

A Conselheira das Comunidades garante que a lista sempre funcionou coletivamente. “Nós, ao longo do mandato, temos mantido sempre um contacto com toda a equipa, não foi só durante as eleições. António Capela sempre disse que nós continuávamos a fazer uma equipa de 4. Toda a gente estava ao corrente daquilo que se ia passando ao longo de todo o mandato, tanto as dificuldades que tinha, como aquilo que os Portugueses reportavam. Sempre existiu essa comunicação entre nós os 4”. Por isso, a demissão de António Capela não foi surpresa para Carolina Amado.

O mandato dos Conselheiros devia ter acabado em 2019 e não acabou alegadamente para não coincidirem com as eleições legislativas. Em 2020 as eleições foram adiadas devido à pandemia e estão provisoriamente marcadas para dezembro de 2021. Carolina Amado considera que “alongar demasiado o mandato faz-nos perder alguma credibilidade. As regras são para ser cumpridas. Adiar as eleições não abona a favor a favor do CCP”.

 

António Capela com “balanço positivo”

Carolina Amado faz um balanço “muito positivo” do trabalho de António Capela. “Penso que foi um trabalho muito próximo da Comunidade. O António Capela é uma figura muito querida da Comunidade porque já cá está há muitos anos. Ele sempre foi muito interventivo, tanto no meio associativo como empresarial, sempre ajudou muito a Comunidade e portanto é muito fácil chegar ao contacto com ele e as pessoas reconhecem nele um porta-voz” conta a Conselheira na entrevista-vídeo ao LusoJornal. “Essa sempre foi a mais-valia do António Capela, sempre que há um problema, as pessoas vão falar com ele”.

Destaca por exemplo a ação para a abertura de Permanências consulares em Perpignan. “Logo depois das eleições houve uma reunião em Perpignan para perceber as necessidades daquela Comunidade já que há uma grande população portuguesa naquela região e a distância até ao Vice-Consulado de Toulouse é muito grande, são cerca de 200 km”.

Por ação do Conselheiro foram recolhidas cerca de 400 assinaturas e acabou por serem organizadas algumas Permanências consulares na sede da associação portuguesa local. Também para Fumel, onde António Capela tem família, foi conseguida uma Permanência consular.

“Conseguimos também mais uma pessoa para o Posto consular, mas foi claramente insuficiente, é necessário ainda mais e agora ainda é pior porque no início do ano houve mais uma baixa no Consulado, há menos um funcionário. É preciso continuar a sensibilizar o Ministério para as necessidades desta Comunidade” diz Carolina Amado.

 

Reforço consular é prioridade

Para o tempo em que Carolina Amado vai ocupar as funções de Conselheira das Comunidades, quer implicar-se nas ações deste órgão de consulta. Está por exemplo a colaborar na organização do Conselho Regional do CCP/Europa que deve juntar todos os Conselheiros eleitos na Europa.

A nível local, quer continuar a pedir reforço da rede consular. “O António Capela já tinha denunciado certas carências, nomeadamente a questão social. Há muitos anos que não temos aqui uma pessoa dedicada quase exclusivamente às questões sociais, que tivesse disponibilidade para acompanhar as pessoas. Aqui há muitas pessoas que não conseguem resolver os problemas junto das instituições francesas” diz Carolina Amado. “Pelo retorno que nós vamos recebendo das pessoas, não é assim tão fácil tratar com os organismos franceses. As pessoas não têm os conhecimentos para isso. Para nós isso é uma área prioritária”.

Também o facto de haver um assistente técnico a menos no posto consular é assunto de preocupação para a Conselheira das Comunidades. “Vai ter um impacto certamente, que vai notar-se em relação aos tempos de espera. Neste momento os tempos de espera são de cerca de 5 semanas e é possível que agora vai continuar a aumentar”.

Também os Centros de atendimento consular são assuntos que Carolina Amado considera prioritários. “Aqui, as pessoas dizem que ligam para o Consulado e ninguém responde e eu percebo que não haja capacidade em termos de recursos humanos para conseguir responder a todas as pessoas”.

O Governo já anunciou que este ano, o Centro de atendimento telefónico de todos os Consulados de França, vai passar a estar em Portugal. “Temos retorno de outros países já com a Central de atendimento em Portugal e aparentemente as pessoas não estão a par verdadeiramente daquilo que se passa os países em causa e não sabem responder a determinadas questões. É necessário que as pessoas que estejam na Central telefónica em Lisboa, estejam a par de como funcionam as coisas em França, como funcionam os organismos em França, os acordos bilaterais entre Portugal e a França… este tipo de coisas É necessário que as pessoas tenham conhecimento, para informarem bem os utentes. É algo que nós temos que acompanhar e temos que ser vigilantes para saber se é uma solução ou se é uma tentativa de tapar buracos sem resolver o problema”.

 

Ensino e associações

A informação à Comunidade, no que se refere às inscrições para o Ensino de Português é outra das prioridades imediatas de Carolina Amado. “Este tipo de sensibilização é preciso fazê-la perto das Comunidades. Nem toda a gente está a par disso e quando chega setembro é confrontada com a questão de saber onde vai pôr o filho a estudar português, mas já devia ter feito todos os procedimentos necessários muitos meses antes”.

O regresso às atividades das associações que estão encerradas por causa da pandemia de Covid-19 também é prioridade para a nova Conselheira. “Temos de apoiá-las o máximo possível para que essa reativação seja possível. Vai haver muitas dificuldades, não só por questões económicas mas também em termos sociais”.

Quanto às alterações da metodologia de voto no seguimento das eleições Presidenciais, Carolina Amado defende um sistema hibrido, em que se possa votar presencialmente, mas também por correspondência. “Acho que não faz sentido ser um voto exclusivamente presencial. Isso faz com que apenas as pessoas que vivem num raio de 30, 40 ou 50 km de uma Assembleia de voto possam deslocar-se até ela. Estamos a falar de uma grande minoria de pessoas que estão nessa circunstância”.

Carolina Amado diz que Portugal ainda não está preparado para o voto eletrónico, “nomeadamente no que diz respeito à segurança de dados. Acho que ainda não há um sistema maduro. Em termos internacionais, alguns países têm algumas experiências, mas fazer disso uma possibilidade de voto a partir de qualquer ponto do mundo, acho que ainda estamos muito longe dessa realidade”.

Sobre o aumento de Deputados pelos círculos eleitorais da emigração, Carolina Amado também considera que “há argumentos dos dois lados”.

“A questão é saber se os Deputados que representam a emigração são suficientes para fazer o acompanhamento da população que reside fora. Eu acho que o problema não está no número de Deputados e talvez isto não seja bem interpretado: o problema está na sensibilização de todos os Deputados, de forma genérica, para questões de emigração” diz a Conselheira das Comunidades. “Muitas das vezes os nossos Deputados levantam questões pertinentes referentes às Comunidades, tentam avançar para resolver determinadas situações, mas não há abertura de outros Deputados, porque não é com 4 votos que se conseguem chegar a determinados resultados, é necessário uma convergência abrangente”.

Finalmente, interrogada se vai recandidatar-se às próximas eleições, Carolina Amado responde que “não tenho isso em mente”.

“Aquilo que eu quero é finalizar o melhor que eu puder neste mandato e continuar o melhor que puder o legado do António Capela” e acrescenta: “Acho que há outras pessoas que podem certamente acrescentar valor à Comunidade e ao CCP e certamente que essas pessoas aparecerão”.

 

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