Susana Alexandre

Condolências de José Luís Carneiro sobre a morte de Gérald Bloncourt

Com o falecimento do fotógrafo, artista e escritor Gérald Bloncourt, perde-se uma das maiores testemunhas da história da emigração portuguesa do século XX, em particular do fluxo migratório para França.

O percurso de vida deste cidadão nascido no Haiti, e radicado em França, traduz um invulgar espírito de missão, patente no modo apaixonado como registou, através da fotografia, o quotidiano das comunidades portuguesas que viviam em duras condições a experiência da emigração.

Gérald Bloncourt colocou-se no lugar dos que partiam em busca de liberdade e de uma vida melhor. Acompanhou os Portugueses e colocou, até, a sua segurança em risco, nomeadamente quando registou a emigração “a salto” nas fronteiras portuguesas.

Tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente e de ouvir relatos impressivos sobre as enormes dificuldades vividas nas décadas de 1950, 1960 e 1970 pelos nossos concidadãos. Nas conversas que tivemos pude sempre escutar palavras de apreço e de admiração para com as qualidades humanas dos Portugueses.

Mas aqueles foram, também, diálogos marcados pela alegria, quando conversamos acerca dos anos da Revolução democrática em Portugal, que Gérald Bloncourt pôde também acompanhar.

O espírito humanista, solidário e a amizade que Gérald Bloncourt nutria pelos Portugueses e por Portugal, aliados ao importante trabalho realizado, transformam o seu falecimento num momento de perda e de pesar nas Comunidades portuguesas.

A sua obra ficará imortalizada, revelando-se um aliado indispensável para qualquer registo documental, ou para qualquer entidade ou instituição museológica, que tenha como missão narrar a história da emigração portuguesa, em concreto o período de enorme importância compreendido pelas décadas de 1950-1970.

À família e amigos de Gérald Bloncourt, as minhas sinceras condolências.

O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

José Luís Carneiro