Homenagens à arte de Cruzeiro Seixas também em Paris

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As homenagens pelo centenário do nascimento do artista e escritor Artur Cruzeiro Seixas, que morreu em novembro, aos 99 anos, vão estender-se até 2022, com exposições em Paris, Nova Iorque, Lisboa e Londres, anunciaram esta semana os promotores.

Artur Cruzeiro Seixas, o último representante do surrealismo português, a quem muitos chamavam mestre, morreu a 08 de novembro, em Lisboa, e completaria ontem cem anos, o que levou vários agentes culturais a realizar homenagens que vão prolongar-se por mais dois anos, e chegar a diferentes países.

A próxima exposição, a realizar na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em Paris, é inaugurada em 05 de maio de 2021, com o título “Cruzeiro Seixas – Teima em ser poesia”, organizada pela Fundação Cupertino de Miranda. “Esta mostra, que estava a ser planeada para a mesma data, este ano, no âmbito do Dia Mundial da Língua Portuguesa, chegou a ser remarcada para inaugurar hoje, 03 de dezembro, dia do centenário, mas sofreu novo adiamento devido às restrições da pandemia”, explicou à Lusa a Diretora de artes, informação e comunicação da Fundação, Marlene Oliveira.

Trata-se de uma mostra que “representava a concretização de um sonho do artista: ter uma exposição individual em Paris, com obras, documentos e tapeçaria”, indicou a curadora sobre o trabalho deste nome incontornável do movimento surrealista, do qual foi um dos principais precursores em Portugal, a par de Mário Cesariny (1923-2006).

Marlene Oliveira disse ainda que a exposição irá mostrar a ligação da obra de Cruzeiro Seixas à literatura e à língua portuguesa, através de escritores que manifestamente admirava, como Fernando Pessoa, Teixeira de Pascoaes e Mário de Sá-Carneiro, além das cartas atribuídas a Mariana Alcoforado.

“A exposição apresentará um conjunto das obras de Cruzeiro Seixas, objetos, tapeçarias de Portalegre e os conhecidos cadernos ‘diários não diários’”, descreveu, apontando que a mostra está a ser preparada com o apoio do Embaixador de Portugal na Unesco, António Sampaio da Nóvoa.

O artista doou, em 1999, o seu acervo artístico à Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, que tem vindo a salvaguardar, exibir e publicar a obra deste nome fundamental do Surrealismo em Portugal, autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na escultura e objetos/escultura, além da literatura, com uma extensa obra poética.

A Paris, seguem-se outras exposições, com “o empréstimo de uma obra de referência” de Cruzeiro Seixas para a coletiva internacional “Global Surrealism”, que vai abrir no Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, a 04 de outubro de 2021, e depois segue para a Tate Modern, em Londres, a 25 de fevereiro de 2022.

Cruzeiro Seixas teve um longo percurso artístico, começando por uma fase expressionista, outra neorrealista e outra, com início no final dos anos 1940, mais prolongada, no movimento surrealista português, ao lado de Mário Cesariny, Carlos Calvet, António Maria Lisboa, Pedro Oom e Mário-Henrique Leiria.

Foi esse movimento artístico surgido no início do século XX, que viria a revolucionar a arte, que provocou nele uma acesa paixão criadora que manteria até ao fim da vida. Em 2011, numa entrevista à Lusa, declarou, convicto, sobre o Movimento Surrealista: “Até hoje, nada apareceu de melhor”.

Artur Cruzeiro Seixas deixou um vasto trabalho nas artes plásticas e visuais, e foi também um poeta prolífico.

Ontem, dia em que Cruzeiro Seixas cumpriria cem anos, chegou às livrarias o segundo volume da sua “Obra Poética”, com chancela da Porto Editora, organizada por Isabel Meyrelles, artista e poetisa portuguesa radicada na região de Paris, outro nome essencial do surrealismo português, e o lançamento de “Eu Falo em Chamas”, pela Fundação Cupertino de Miranda, bem como a exibição, na Cinemateca Portuguesa, do filme “Cartas do Rei Artur”, da realizadora Cláudia Rita Oliveira, com produção de Miguel Gonçalves Mendes.

Em outubro, Cruzeiro Seixas – nascido a 03 de dezembro de 1920, na Amadora – foi distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, pelo contributo para a cultura portuguesa.

 

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