LusoJornal / Carlos Pereira

Legislativas: Campanha de Rita Rato simbolicamente em Champigny

A candidata cabeça de lista pelo círculo eleitoral da Europa pela coligação CDU, Rita Rato, esteve na região de Paris este domingo para uma ação de campanha em Champigny-sur-Marne (94). A sessão teve lugar na sala municipal Jean Morlet, e começou com um filme sobre a presença portuguesa no Bidonville daquela cidade, realizado com os alunos de 3ème do Liceu Lucie Abrac.

Seguiu-se um debate com Rita Rato e o antigo Maire de Champigny, Jean-Louis Bargero, moderado por Sara Conceição, militante do PCP em França. O encontro foi coordenado por Agostinho Monteiro.

Na sala estavam poucos militantes, oficialmente porque no domingo foi o dia sem carros em Paris, provocando engarrafamentos enormes na periferia da capital. Mas a ausência de militantes comunistas na sala não foi normal. Esta foi a primeira vez que o Comité Central do Partido decidiu escolher uma candidata de Portugal e vários militantes Comunistas de França não escondem o seu descontentamento, sobretudo depois do Partido tanto ter criticado a escolha de “candidatos paraquedistas” de outros Partidos. Aliás, da lista de candidatos não consta nenhum militante de França. Provavelmente essa foi a razão pela qual Rita Rato só veio a Paris agora, quando a campanha se aproxima do fim, e apresentou-se praticamente sem o apoio dos militantes comunistas de França.

Rita Rato tem 36 anos, e é Deputada do PCP desde 2009. É licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa. No Parlamento português foi até agora Vice-Presidente da Comissão Parlamentar de Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. “Enquanto Deputada, interveio sobre questões das migrações, designadamente sobre trabalho, pensões e novas gerações de emigrantes” diz uma nota de apresentação do PCP/França.

“É importante estarmos simbolicamente nesta terra” começou por dizer a Candidata depois de visionar o filme, lembrando que este é um assunto de atualidade já que “entre 2011 e 2015 mais de meio milhão de pessoas teve de sair de Portugal”.

O ensino da língua portuguesa e o reforço da rede consular são os dois pontos principais da campanha, que Rita Rato decidiu apresentar em Champigny.

A CDU propõe a eliminação da Propina no Ensino de português no estrangeiro (EPE), uma medida que não se aplica à França porque neste país não é pedido o pagamento de Propina. A CDU propõe ainda que seja garantida a distribuição de manuais escolares gratuitos aos alunos e reforçada a contratação e os direitos dos professores do EPE.

Rita Rato disse também que a CDU quer “reorganizar, reforçar e alargar, quando for necessário”, a rede consular, “modernizando-a, qualificando-a, e aproximando-a das Comunidades emigrantes”. Quer ainda que sejam recrutados mais funcionários, nomeadamente pessoal técnico de Segurança Social e afirma que “este reforço de pessoal tem de ser feito também em Portugal, nas estruturas que trabalham com os Consulados, porque se os assuntos forem bloqueados nos serviços em Portugal, também causam demora no estrangeiro”.

Destaca-se ainda uma nova proposta de revisão da Lei do Conselho das Comunidades Portuguesas.

Rita Rato diz que tem encontrado muita gente nas Comunidades que não sabe que pode votar para estas eleições e por isso apelou para a mobilização de todos.

O filme que antecedeu o debate foi apresentado por Octávio Espírito Santo que lembrou que “a luta longa pelo poder, é a luta pela memória, contra o esquecimento” e, virando-se para o antigo Maire de Champigny, disse-lhe que, em Portugal, “o Partido Comunista foi a principal força que sempre combateu o fascismo”.

O ex-Maire Jean-Louis Bargero visionou o filme “com emoção”, “por ter conhecido o Bidonville, mas também por saber que foram jovens de hoje que foram à descoberta dessa página da história da nossa cidade”. Mas lembrou ainda um episódio pessoal. “Poucos sabem disso, mas a minha filha casou com um jovem português que viveu no Bidonville. Alguns dos meus netos chamam-se Marques. E quando vi o filme e vi as imagens do Bidonville, estava a recordar que o meu genro viveu ali, naquelas condições”.

Jean-Louis Bargero confirmou aliás que os Portugueses não tinham apenas péssimas condições de alojamento, mas tinham também péssimas condições de trabalho.

 

[pro_ad_display_adzone id=”32314″]