Livro: “Le drame angolais, rivalités, haine et guerre civile” de André Kisalu Kiala – Um mergulho numa Angola dilacerada pela guerra

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“Le drame angolais, rivalités, haine et guerre civile” do ex-jornalista angolano André Kisalu Kiala, lançado pela primeira vez em 2005, acaba de ver uma nova versão, revista e aumentada, publicada pela L’Harmattan.

O autor salienta que este não é um livro de História – “são os historiadores que devem escrever a História de Angola”, sublinha Kiala – é, sim, “um olhar franco sobre os períodos colonial e pós-colonial” de Angola, um país geologicamente riquíssimo e cujo território tem duas vezes e meia o tamanho da França.

A verdade é que Angola esteve em guerra durante mais de 40 anos, quase sem interrupções. Primeiro, a guerra contra o Estado colonial-fascista português, entre 1961 e 1974, e, depois, o conflito fratricida entre 1975 e 2002. A morte do histórico líder da UNITA, Jonas Savimbi, em 2002, levou ao cessar definitivo da guerra, entregando o poder ao MPLA.

Se a guerra contra o opressor colonial-fascista uniu os angolanos, a independência trouxe à superfície enormes incompatibilidades ideológicas – relembre-se que estávamos em contexto de Guerra Fria entre o bloco capitalista liderado pelos EUA, que apoiou a UNITA, e o bloco socialista chefiado pela URSS, que apoiou o MPLA. De salientar o apoio que o regime de apartheid sul-africano garantiu à UNITA e os milhares de soldados cubanos que participaram na guerra ao lado do MPLA.

A guerra civil angolana, todavia, resistiu ao fim da Guerra Fria e continuou por mais dez anos, estendendo até ao limite do suportável o seu trágico cortejo de crianças-soldado, amputados e campos de minas.

E neste ensaio, André Kisalu Kiala coloca as questões que interessam. De que tipo de guerra se trata? E porquê? Trata-se, portanto, de um ensaio com muitas facetas: a análise meticulosa do jornalista-historiador e do cidadão apanhado nas malhas de uma rede inextricável. Kiala observa a concorrência, as dissensões, as rebeliões intermináveis dos dirigentes em busca de cada vez mais poder e dinheiro. O autor destaca o cinismo das potências estrangeiras que, conscientemente, colocaram os dirigentes e os senhores da guerra uns contra os outros. O objetivo neocolonialista dessas potências: explorar os recursos naturais e humanos de Angola em proveito próprio. E até que ponto foram incentivados os antagonismos entre os chefes locais? Os países vizinhos também são apanhados na armadilha e o povo foi atirado de uma rebelião para outra.

O autor mergulha-nos então no coração de uma Angola dilacerada, mas sem nunca perder a esperança na construção de uma Angola mais justa.

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