Livros | “La Muse Irrégulière”, de Fernando Assis Pacheco, a obra do poeta ‘bon vivant’

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“A Musa Irregular” de Fernando Assis Pacheco (1937/1995), considerado um dos grandes poetas portugueses da segunda metade do século XX, foi traduzida para francês por Max de Carvalho e publicada pela inevitável Éditions Chandeigne.

 

“La Muse Irrégulière”, publicada em Portugal quatro anos antes da morte súbita de Assis Pacheco à porta de uma livraria lisboeta e com um saco de livros na mão, reúne as coletâneas poéticas publicadas em vida do autor – “Cuidar dos Vivos” (1963), “Desversos” (1990) – bem como o volume póstumo, “Respiração Assistida” (2003).

Figura da cultura portuguesa que deixou saudades no coração daqueles que amam a poesia, este coimbrão tornou-se fortemente popular depois de participar no célebre concurso “A visita da Cornélia”, programa televisivo que fez furor nos anos 1970. O talento de Assis Pacheco, porém, ia muito ao de lá de mero “cromo” televisivo, como ele se autodenominou a certa altura.

Licenciado em Filologia Germânica, Fernando Assis Pacheco foi jornalista, crítico, tradutor e escritor. Em 1961, com o início da Guerra Colonial, acabou como expedicionário em Angola, onde esteve até 1965, experiência que marcaria a sua obra poética, deixando-o obcecado por aquilo que de positivo podemos tirar da vida.

Na juventude, ele também foi ator de teatro, mas foi na escrita, tanto jornalística como poética, que ele se destacou, tendo trabalhado na revista “Vértice”, no “Diário de Lisboa”, na “República”, no “Jornal de Letras”, no “Musicalíssimo”, no “Se7e”, “no “Record” e no “Jornal”, onde foi crítico literário. No momento da sua morte era redator na “Visão”.

Publicou, durante muito tempo, pequenas tiragens em edição de autor, mas tal não o impediu de se impor, graças ao seu experimentalismo, bem visível nesta tradução francesa, como um dos gigantes da poesia portuguesa da época. Além de poesia, Assis Pacheco publicou também uma novela, “Walt” (1978), e um romance, “Paixões e Trabalhos de Benito Prada” (1993).

Amante da boa vida e das longas noitadas de conversa com outros jornalistas e escritores nos cafés e nas cervejarias lisboetas, Fernando Assis Pacheco, desaparecido demasiado cedo, deixou pouca obra literária, mas, no bom velho tempo em que o jornalismo também era literatura, deixou milhares de belos artigos jornalísticos para todos os gostos, do futebol à alta cultura.

É então de saudar a chegada da obra poética deste “coimbrão alfacinha” à língua francesa.

 

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