LusoJornal / Mário Cantarinha

Momento de poesia com Carlos Manuel Candeias

Em 1916, Portugal entra na Primeira Guerra Mundial. É formado o Corpo Expedicionário Português, chegando a França a 2 de fevereiro de 1917.

No Cemitério militar português de Richebourg, localizado no departamento francês de Pas-de-Calais, estão enterrados 1.831 soldados portugueses da Grande Guerra de 1914-1918.

Na Batalha de La Lys, em 9 de abril de 1918, morreram mais de 1.300 Portugueses, outros 4.600 ficaram feridos, 1.900 foram dados como desaparecidos e mais de 7.000 foram feitos prisioneiros.

 

Chão Sagrado

Aqui neste Chão Sagrado

Dormem eternamente, lado a lado

Os oficiais, os sargentos e os soldados

Como na parada, dignamente alinhados

.

Respeitai este Chão Sagrado

Português pelo sangue derramado

Respeitai os nomes nas pedras gravados

Honrai os Heróis aqui sepultados

Jazem sem o desfile da Vitória

Apenas cobertos pelo Chão da Glória

.

Nos seus peitos ainda a ferida ensanguentada

O ressoar do último gemido e a dor sufocada

As marcas da morte violenta, sem indignação

Dádiva suprema da vida pela Nação

.

Nas trincheiras noite e dia

Um fadário de triste sorte

Respiraram o odor da morte

Sofreram o frio, a fome e a lama

Foi o seu leito e a sua cama

Ouviram os horríveis gemidos

Dos camaradas fatalmente feridos

Viveram a sua longa agonia

Num mundo em total desarmonia

.

Não escolheram assim morrer

Sacrificados fizeram o seu dever

Defenderam Portugal e a França

Com coragem e perseverança

São dignos dos nossos antepassados

Filhos do povo, morreram como soldados

.

Eles são a memória viva

De um passado sempre presente

Representam a nossa Pátria querida

Merecem Honras de toda a gente

 

Carlos Manuel Candeias

Paris 04 de abril de 2019