“O Salto” põe em teatro tragédias da emigração portuguesa dos anos 1960-70

[pro_ad_display_adzone id=”37509″]

“O Salto” é a nova peça de teatro da companhia A Turma, que aborda a temática da emigração portuguesa dos anos 1960-70, e que se vai estrear no próximo dia 21 de setembro, no Teatro Carlos Alberto, no Porto.

É de noite e há carro acidentado junto à fronteira entre Portugal e Espanha com cinco pessoas lá dentro, das quais quatro estão feridas e há uma criança muda que sai ilesa e foge do local. As sirenes da polícia ecoam ao longe e o perigo de todos irem presos num país que vive em ditadura faz aumentar a tensão e o conflito dos emigrantes clandestinos.

“Eu diria que o grande conflito é o acidente que faz com que este passador queira seguir caminho e deixar para trás quem tiver que deixar para trás, mas não pode, porque a própria namorada está presa e, mais do que o amor que ele possa ter por Helena, ela faz parte do plano de se instalar em Paris, porque é ela que tem pai lá e que pode dar estadia”, explica Tiago Correia, autor do texto e encenador de “O Salto”.

Em entrevista à Lusa no ensaio para a imprensa, Tiago Correia conta que “O Salto” é uma peça que se passa nos anos de 1970 sobre a emigração portuguesa durante o Estado Novo, mas que partiu da sua própria observação do presente.

Tiago Correia destaca que lhe interessou escrever uma peça sobre a situação atual sobre os imigrantes que têm vindo para Portugal e para a agricultura intensiva e sobre as redes ilegais de tráfico humano como exploram as pessoas e as tratam como mercadoria. “Partindo desse estudo, rapidamente me apercebi que aquilo que aconteceu com os portugueses durante o Estado Novo foi bastante semelhante”.

Na peça há um passador que está apaixonado por uma das fugitivas do interior do carro, Helena que está ferida e encarcerada. O passador, Leonel, quer seguir em frente no salto para fugir de Portugal, que vive numa ditadura, mas há uma fugitiva ao regime de Salazar que quer voltar para trás para pedir ajuda para salvar o irmão, um ex-combatente da guerra colonial, e que está à beira da morte.

Em “O Salto” há também uma luta de classes entre um passador que manda e os passageiros do carro que pagaram para fugir de Portugal. Como as coisas correram mal e o passador teve um acidente com o carro que os iria levar para fora de Portugal, o passador deixa de ter autoridade para ditar as regras.

Para aumentar a tensão do conflito, um desertor da guerra colonial, uma fugitiva do regime, um passador de emigrantes e uma camponesa a fugir à miséria e fome, há o medo constante da chegada da polícia, que obriga a uma decisão rápida para não serem presos.

O cenário de “O Salto” é quase sempre dentro de um carro que sofreu um acidente, mas Tiago Correia recorreu à projeção de um filme que está a ser gravado no tempo real à peça teatral e que é projetado em simultâneo num ecrã colocado no palco, o que permite uma maior intimidade do espectador com as personagens dentro do carro. “O vídeo também serve para permitir mais subtilezas”, refere Tiago Correia, acrescentando que o filme que é projetado é um “jogo, mais subtil e menos teatral”, ou seja, mais realista.

A peça vai estrear-se no Teatro Carlos Alberto, no dia 21, ficando até dia 24, e depois vai estar no Teatro São Luíz, em Lisboa, e no Teatro Aveirense. Em 2024 a peça continuará em circulação nacional, acrescentou Tiago Correia

“O Salto” é uma criação da companhia A Turma, em coprodução com o Teatro Nacional São João e o São Luiz – Teatro Municipal.

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]