Paris: Perve Galeria destacou artistas lusófonos na mais importante feira europeia de arte contemporânea africana

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A Perve Galeria voltou a marcar presença na 8ª edição da AKAA – Also Known as Africa, em Paris, que teve lugar entre os dias 20 e 22 de outubro, uma exposição que promove a igualdade de género, a diversidade étnica, artística e cultural, destacando artistas africanos dos países de língua portuguesa.

No Carreau du Temple foi possível ver obras inéditas dos mestres Reinata Sadimba (1945, Moçambique), Teresa Roza d’Oliveira (1945, Moçambique – 2019, Portugal), Ernesto Shikhani (1934 – 2010, Moçambique), João Ayres (1921 – 2001, Portugal/Moçambique), Malangatana Ngwenya (1936, Moçambique – 2011, Portugal), e obras individuais e colaborativas de José Eduardo Agualusa (1960, Angola) e Valter Hugo Mãe (1971, Angola).

Com curadoria de Carlos Cabral Nunes, a participação da Perve Galeria na AKAA “foi uma oportunidade única” para divulgar os diferentes modos de expressão deste conjunto de artistas.

“Problematizando as realidades artísticas, culturais e históricas de cada autor, reveladas na sua singular intervenção plástica, é sublinhada a importância da arte lusófona no contexto mais abrangente da arte contemporânea, explorando as distintas expressões artísticas que emanam do continente africano e a sua diáspora” diz uma nota da galeria enviada às redações. “O compromisso com a diversidade e a inclusão cultural é um fio condutor que perpassa esta exposição, que procura desafiar as perceções convencionais sobre a arte de origem africana”.

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José Eduardo Agualusa e Valter Hugo Mãe

Para a Perve Galeria, a AKAA 2023 marcou a estreia internacional da colaboração artística de José Eduardo Agualusa e Valter Hugo Mãe, nomes de destaque da cultura lusófona. Ambos nascidos em Angola, apesar dos seus caminhos distintos, são ambos amplamente aclamados e reconhecidos nacional e internacionalmente no campo da literatura, tendo também em comum um caminho percorrido no campo das artes visuais. A par de obras individuais, foram mostradas obras colaborativas inéditas, que integram uma série de 14, onde Valter Hugo Mãe intervém em camadas, por meio de colagens e desenhos, na realidade mediada, capturada fotograficamente, por José Eduardo Agualusa.

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Teresa Roza d’Oliveira e Reinata Sadimba

Teresa Roza d’Oliveira, artista luso-descendente, através da sua particular expressão pictórica, habitada por estranhas criaturas e animais antropomórficos, explora um sentido íntimo de liberdade estabelecido contra restrições patriarcais e heteronormativas.

Reinata Sadimba, artista autodidata, analfabeta, oriunda da comunidade ancestral Makonde, é um exemplo de resiliência e virtuosidade artística, expressa nas suas figuras em terracota de índole surrealista. “Recordamos que no início de 2023 Reinata viu três das suas obras integrarem a coleção da Tate Modern, em Londres, provenientes da coleção de Robert Loder, um dos mais influentes críticos e colecionadores de arte africana, criador da Triangle Network, cimentando assim o seu estatuto como a mais importante artista africana viva da sua geração” diz a galeria portuguesa.

As duas artistas regressaram à capital francesa, onde, em 2022, foram destacadas no VIP Lounge desta mesma feira de arte.

Para a AKAA 2023, a Perve Galeria apresentou a quarta edição da série “The Healing Touch” instalação de Reinata Sadimba, com curadoria de Carlos Cabral Nunes, destacada por Constance Breton, consultora de arte, como uma das suas obras favoritas da 8ª edição da feira de arte, onde se exalta “o poder transformador e purificador da arte”.

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Ernesto Shikhani e Malangatana Ngwenya

Ernesto Shikhani e Malangatana Ngwenya, nomes significativos na história da arte africana, cujas obras estão representadas em importantes coleções públicas e privadas, foram representantes de uma geração de artistas que desenvolveu a sua prática no contexto das lutas de libertação das antigas colónias portuguesas.

Em 2003, uma obra da coleção da Perve Galeria, realizada por Malangatana em 1967, foi adquirida pela TATE Modern, em Londres, e, em 2022, o Centre Georges Pompidou adquiriu também à Perve Galeria dois desenhos feitos pelo artista em 1964 e 1965.

Representado pela Perve Galeria, em 2018, Shikhani tornou-se o primeiro artista africano destacado na secção Spotlight da Frieze Masters, e, em 2022, uma das suas obras dos anos 1970 foi integrada na coleção do Centre Georges Pompidou – Musée National d’Art Moderne, em Paris.

Na AKAA 2023, a galeria apresenta importantes obras históricas destes dois artistas.

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João Ayres

Nascido em Portugal, João Ayres mudou-se para Moçambique após ser perseguido pelo então regime ditatorial português. Apesar de ser um dos mestres fundamentais de Moçambique, responsável pela formação de vários artistas, João Ayres acabou por cair no esquecimento até 2022, quando foi redescoberto através do documentário “João Ayres, Pintor Independente”, realizado por Diogo Varela Silva.

Representado na edição de 2022 da AKAA pela Perve Galeria, a galeria de Alfama voltou a apresentar as suas obras na edição deste ano, com particular destaque para obras representativas da sua prática durante os mais de 30 anos em que viveu em Moçambique, raramente mostradas ao público.

A participação da Perve Galeria na AKAA 2023 destacou assim a importância de reconhecer as contribuições artísticas destes importantes autores do território lusófono, “cuja obra permite aceder ao poder transformador da arte, e à sua capacidade para desafiar normas sociais estabelecidas, reivindicando a importância de vozes outrora marginalizadas para a criação de um mundo mais inclusivo” diz a nota de imprensa da galeria. “Presta-se assim um testemunho da riqueza e vitalidade da criação artística lusófona, destacando a necessidade contínua de reconhecimento e valorização das contribuições artísticas que moldaram narrativas culturais e históricas”.

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