Prémio “Médicis Étranger” vai para o romance “Misericórdia” de Lídia Jorge


O romance “Misericórdia” (2022), de Lídia Jorge, venceu hoje o Prémio Médicis Étranger, ex-aequo com o romance “Impossibles Adieux”, da sul-coreana Han Kang, segundo o anúncio do júri.

Lídia Jorge é a primeira autora de língua portuguesa distinguida com o galardão, criado em França em 1970, sublinham as Publicações D. Quixote, que editam a escritora portuguesa.

O prémio que foi entregue pela primeira vez ao italiano Luigi Malerba, já distinguiu, entre outros, autores como Milan Kundera, Julio Cortázar, Doris Lessing, Umberto Eco, Elsa Morante, Antonio Tabucchi, Philip Roth, Orhan Pamuk, Antonio Muñoz Molina e David Grossman.

“Misericórdia” foi traduzido para francês por Elisabeth Monteiro Rodrigues.

O júri é presidido por Anne F. Garréta e composto por Marianne Alphant, Michel Braudeau, Marie Darrieussecq, Dominique Fernandez, Patrick Grainville, Frédéric Mitterrand, Andreï Makine, Pascale Roze e Alain Veinstein.

O romance “Misericórdia” tem-se destacado no mercado livreiro francês, tendo já vencido em agosto o Prémio para Melhor Livro Lusófono publicado em França, atribuído pela redação da revista literária Transfuge.

“Misericórdia” foi escrito por Lídia Jorge, porque a mãe, internada numa instituição para idosos, no Algarve, várias vezes lhe pediu que escrevesse um livro com aquele título.

A história decorre entre abril de 2019 e abril de 2020, data da morte da mãe da autora, que foi uma das primeiras vítimas da Covid-19 no sul do país.

Segundo a escritora, este não é um livro “mórbido” e a sua escrita não lhe suscitou sentimentos de tristeza ou dor. Antes, é um “livro sobre o esplendor da vida que acontece quando as pessoas estão para partir”, sobre os “atos de resistência magníficos, que as pessoas têm no fim da vida”.