Rui Simões consegue apoio para realizar um filme de ficção franco-português

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Ao fim de quarenta anos de tentativas, o realizador Rui Simões conseguiu apoio financeiro do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) para fazer a primeira longa-metragem de ficção, o que considera “uma questão de sorte”.

De acordo com a lista de resultados divulgada pelo ICA, foram escolhidos oito projetos no programa de apoio financeiro de 2020 à produção de primeiras obras longas-metragens de ficção, com um valor total de 3,2 milhões de euros, e entre eles está “Primeira obra”, de Rui Simões, que receberá 500 mil euros.

O argumento baseia-se numa história verídica, de um francês, lusodescendente, que fez um doutoramento sobre o documentário “O bom povo português”, passando temporadas em Lisboa, a acompanhar o trabalho dele.

A ficção, explica Rui Simões, será um revisitar de “O bom povo português” pelo olhar de um jovem francês, que está interessado também em realizar, vem a Portugal e se apaixona por uma jovem. “Como é a minha primeira obra, e se calhar é a última de ficção, não é autobiográfico, mas aproxima-se muito da minha própria realidade”, disse.

Rui Simões pouco mais adianta sobre o projeto ainda no papel e agora contemplado, para o qual procurará cofinanciamento em França e um protagonista que fale português e francês.

“Eu concorro todos os anos, sem exceção, desde 1980. […] Ao longo destes 40 anos nunca tinha sido contemplado com nenhuma ficção, que o argumento é sempre o mesmo: ‘já que não sou cineasta de ficção, sou um documentarista, não posso fazer ficção’. Não se percebe. É o que é”, contou o realizador à Lusa.

Rui Simões, 76 anos, realizador e produtor, tem um longo percurso no documentário, em vários formatos, onde se destacam “Deus, Pátria, Autoridade” (1975), “Bom povo português” (1980), “Ruas da amargura” (2008), “Ilha da Cova da Moura” (2010) e “Guerra ou Paz” (2012), mas nunca conseguiu obter apoio financeiro do ICA para fazer uma ficção.

“Fui enviado para o documentário e não me posso queixar, gosto muito de fazer documentários, mas tenho pena de nunca ter feito ficção. Tenho pena de não ter conhecido os atores portugueses, não ter conhecido esse lado criativo que me foi impedido. Foi triste estar no cinema e não poder trabalhar com os criativos, com os atores. Esse lado no documentário não existe”, contou.

Sobre a decisão de agora obter apoio para uma ficção, Rui Simões fala em “questão de sorte”.

“Houve uma coincidência de júris, houve pessoas que me conheciam, conheciam o meu trabalho e não tinham nada contra. […] Houve uma fase que foi censura clara, é óbvio, não tenho dúvidas, depois houve uma fase de ‘não vale a pena, este tipo não existe’,… Sei lá, não sei”, disse.

Por agora está ocupado a terminar mais um documentário, feito com a filha Alice, intitulado “No país de Alice”, e cuja rodagem foi interrompida em março por causa da pandemia da Covid-19. “Estou na última semana. Não consigo pensar em mais nada. Deu-me muito trabalho porque foi interrompido em março, em plenas filmagens, e tirou-me a própria ideia do filme. Passei a filmar em casa, mas é revisitar o país, uma volta ao país com ela [a filha Alice], mostrar-lhe certas pessoas, paisagens e festas populares”, explicou.

 

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