Rosa Teixeira Ribeiro
LusoJornal | Carlos Pereira

Secretária-Geral do STCDE diz que são necessários 500 novos funcionários consulares

[pro_ad_display_adzone id=”37510″]

 

 

Rosa Teixeira Ribeiro, Secretária-geral do Sindicato dos trabalhadores consulares e das missões diplomáticas no estrangeiro (STCDE) diz ao LusoJornal que são necessários 500 novos funcionários nos Consulados portugueses espalhados pelo mundo.

“Eu sou funcionária há muitos anos – há 45 anos, fez no dia 1 de abril – e quando entrei ao serviço havia 350 trabalhadores nos postos consulares em França. Atualmente há 99” explica numa entrevista ao LusoJornal. “Não se pode pretender que 99 pessoas respondam a uma Comunidade tão numerosa como a Comunidade portuguesa em França”.

Rosa Teixeira Ribeiro diz que os funcionários estão “sob pressão constante”. “Os trabalhadores que nós representamos são aqueles que os utentes vêm quando vão ao Consulado. Os utentes não vêm o senhor Cônsul-geral. Pode crer que há um esforço, um esforço desmedido por parte dos meus colegas para fazer o atendimento”.

A sindicalista diz compreender a impaciência dos utentes. “Esperaram muito tempo até ter o agendamento e depois, os nossos colegas transmitem-nos situações aborrecidas de insultos, de comentários… aliás basta seguir os comentários nas redes sociais para vermos que os trabalhadores são culpados de tudo… são os mandriões, estão a laurear a pevide, o que querem é receber no fim do mês e não fazem nada em troco… O que não é verdade. As pessoas estão num sufoco constante, numa pressão constante, relativamente às solicitações. O utente só vê aquela cara, portanto é normal que responsabilize essa pessoa pelo que está a viver” conta ao LusoJornal.

Rosa Teixeira Ribeiro é quadro do Consulado Geral de Portugal em Paris e já foi Vice-Cônsul de Portugal em Nantes. Há 7 anos que está em Lisboa ao serviço do Sindicato. “Hoje só há 44 pessoas no atendimento ao público no Consulado de Paris. Havia 99 quando se fez a reestruturação com os Consulados de Versailles e de Nogent” explica. “Quando eu comecei a trabalhar, havia 17 postos consulares em França, havia proximidade, neste momento há soluções para remediar. A Comunidade é importante e tem de existir os meios humanos para atender esta Comunidade”. Hoje há 5 Consulados Gerais e um Consulado de Portugal.

 

Carreira pouco atrativa

Os postos consulares em França têm uma classe de trabalhadores bastante envelhecida. “Parece-me que o próprio Embaixador e os Chefes de posto, quando fazem os seus relatórios para Lisboa, reportam este facto” diz Rosa Teixeira Ribeiro. “E quando recrutam, para todo o mundo, 100 novos funcionários e saem 120, há um défice. Recentemente perguntaram-me numa audiência na Comissão dos Negócios Estrangeiros qual era a avaliação que nós fazíamos do número necessário para reforçar os Postos e nós temos um número que é de 500 trabalhadores. São necessários 500 trabalhadores. Não pode haver postos em que só há um trabalhador a prestar serviço” como por exemplo em Lille. “É uma situação desconfortável, insegura, em caso de doença, de férias… os trabalhadores também necessitam de férias, não estamos num momento de escravidão em que só se deve trabalhar e não se deve ter tempo para a sua vida pessoal”. Por isso, denuncia que há Comunidades que ficam desprotegidas, a 400 ou 500 km do posto mais próximo.

Mas a Secretária-Geral do STCDE quer também concursos mais céleres e melhores condições de carreira. “Muitas vezes as pessoas concorrem, são admitidas, e depois de um tempo de experiência, olham para o lado, vêm as condições financeiras e dizem: ‘isto não é para mim, se quero constituir família, ter um projeto de vida’. A carreira é pouco atrativa”.

 

Atendimento telefónico passa para Portugal

O sistema de marcação parece boa. “O facto de eu poder escolher, no sossego da minha casa, a data e a hora em que eu quero ir ao Consulado, é um benefício. Mas depois não posso estar 6 meses à espera de fazer um Cartão do cidadão, que é um documento obrigatório para todos os nacionais portugueses”.

Agora vai ser transferido para Portugal o Centro de Atendimento de todos os Consulados de França. “Eu tenho pena porque no Consulado de Paris havia um ‘call center’ que dispunha de 8 pessoas, que estavam exclusivamente no atendimento telefónico. Sindicalmente eu contestava o facto de serem trabalhadores de uma empresa. Eu achava, sempre achei e continuo a achar que este serviço deve ser prestado por funcionários públicos, conhecedores da realidade, para poderem precisamente encetar um diálogo com os utentes. Temos que ter pessoas bem preparadas”.

Mas Rosa Teixeira Ribeiro também vê fatores positivos, como por exemplo a uniformização dos critérios. “Todos os utentes em França vão ficar a saber o que é preciso e vão todos ser tratados da mesma forma. Porque todos nós sabemos que as exigências variavam de posto para posto. A uniformização dos procedimentos é importante. Não se percebe porque é que se exige um determinado documento num Consulado e não num outro” diz ao LusoJornal.

 

Ver a entrevista AQUI.

 

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]