Boa Notícia: Testemunhas da Paixão

A liturgia do próximo domingo (Domingo de Ramos!) propõe-nos o relato da Paixão de Cristo. Em toda a história da humanidade não encontramos outro episódio que tenha inspirado tantas obras de arte quanto este Evangelho, que nos convida a percorrer os passos que do cenáculo, passando pelo Monte das Oliveiras, pela casa do sumo-sacerdote e pelo pretório romano, levaram Jesus até ao Calvário e, finalmente, ao túmulo escavado na rocha.

É óbvio que, por motivo de espaço, não se pode falar de tudo, mas como posso não mencionar o drama de Pedro, que nega conhecer Jesus, e esquecer aquele momento em que os dois cruzam o olhar? Ou não comentar as reações de Pilatos, Herodes, Simão de Cirene, das mulheres de Jerusalém, dos malfeitores, do centurião romano…?

Este Evangelho não é “apenas” o relato das últimas horas de Jesus: é também a história de todos aqueles que presenciaram a Sua prisão, processo e morte. No fundo, é a nossa história! É o espelho onde nos reconhecemos nas várias personagens que estiveram junto a Cristo, desde o momento da última ceia até ao enterro do Seu corpo sem vida.

O protagonista da Paixão é um só: Jesus Cristo. Mas a Paixão é algo que todos testemunhamos; que todos nós vivemos. Diante do episódio desconcertante do Filho de Deus que morre na cruz, alguns ainda hoje exclamam: «Não O conheço». Outros dizem: «Salva-te a Ti mesmo e a nós também». Mas poucos conseguem entender que a morte é o culminar da Sua vida; é a afirmação última, porém mais radical e mais verdadeira (porque escrita com sangue), daquilo que Jesus pregou com palavras e com gestos: o amor total, o perdão sincero, o dom sem limites.