LusoJornal | António Borga

Embaixador recebe dirigentes associativos e diz que ensino da língua é uma das suas prioridades

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O novo Embaixador de Portugal em França, que assumiu funções há apenas 15 dias, anunciou que as questões relacionadas com o ensino da língua portuguesa em França já constituem uma das suas prioridades.

José Augusto Duarte recebeu no sábado, nos salões da Embaixada, um grupo de dirigentes associativos, agentes culturais e empresários, e afirmou que quer guardar uma relação muito próxima com a Comunidade portuguesa.

“Pelo que eu estudei antes de vir para França, quando preparei o meu plano estratégico, a relação entre Portugal e a França não teria a escala que tem sem o contributo da Comunidade portuguesa” disse o Embaixador.

“No Consulado-Geral de Portugal em Paris estão inscritas quase um milhão de pessoas. Nós não podemos convidar um milhão de pessoas. A forma pragmática de o fazer, é convidar os líderes daquilo que são as associações mais conhecidas da Comunidade portuguesa de Paris e irei fazer a mesma coisa em Lyon, Bordeaux, Marseille, Strasbourg…” explicou José Augusto Duarte. “Eu também acho que, em encontros assim, mais pequenos, eu consigo falar com cada um de vós, posso ouvir-vos, posso conhecer-vos, fixar os vossos nomes, saber o que fazem. Se tivéssemos aqui muita gente, eu não consigo falar com ninguém. Tirávamos uma fotografia e ficava tudo muito superficial. Ora, eu, sobretudo nesta fase em que não conheço ninguém, gosto de encontrar as pessoas, ouvir as pessoas, saber os anseios que têm para que eu aprenda. Eu estou na fase da incubadora, estou ainda a aprender tudo. Aquilo que eu quero é ouvir cada um, conhecer cada um, para depois interagir convosco”.

José Augusto Duarte falava para os dirigentes das associações portuguesas de Pontault-Combault, Boissise-le-Roi, Neuilly-sur-Seine, Champigny, a associação Activa, a Santa Casa da Misericórdia de Paris, a Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF), mas também lá estavam representantes da Cap Magellan, da AgraFr, da associação Les Amis du Plateau, da associação Gaivota e do Sporting Club de Paris. Mas na sala estavam também os empresários Carlos Vinhas Pereira e o casal Carlos e Antónia Gonçalves da Pastelaria Canelas, os professores da Universidade de Nanterre Graça dos Santos e Gonçalo Cordeiro, a Diretora da Casa de Portugal André de Gouveia, Ana Paixão, o artista Dan Inger dos Santos, assim como a Lusopress e o LusoJornal.

“Não conto que este seja o último dos nossos encontros. Este será apenas o primeiro de vários encontros que gostaria de ter com a Comunidade, com aqueles que são os líderes associativos” disse José Augusto Duarte. “Eu não quero ter uma relação excessivamente cerimoniosa convosco, quero ter mais proximidade, porque se tiver mais proximidade convosco, eu compreendo melhor a Comunidade que represento”.

 

Ensino de português em França vai ser assunto prioritário

O novo Embaixador de Portugal anunciou que muitos dos encontros que já teve durante estas duas semanas lhe levantaram problemas relacionados com o ensino do português em França e prometeu ação nesta área.

“A minha conversa com as autoridades francesas será obrigatoriamente uma conversa agradável, são educados, são hospitaleiros, tratar-me-ão bem e é sempre mais ou menos assim que as coisas se passam em qualquer parte do mundo, na carreira diplomática. Mas o que importa não é de procurar o meu conforto, mas sim procurar o meu desconforto naquilo que são os anseios da Comunidade que eu represento, dos meus compatriotas, dos meus concidadãos, para estar mais apto a representar os seus próprios anseios e as suas próprias necessidades”.

O Ministro português da edução já esteve “por estes dias” a jantar na Embaixada. “Não deixarei de falar em breve com as autoridades francesas sobre isso. O nosso Ministro da Educação está consciente do problema e vamos tomar o assunto com a Comunidade, para fazer simplesmente aquilo que me parece justo para todos, que é a dignificação da língua portuguesa através da sua institucionalização. Não como uma língua de uma Comunidade, mas como uma língua internacional”.

“Vai ser desafiante. Temos muito pela frente a fazer, mas podem contar comigo”.

 

Dia de Portugal vai ser fora da Embaixada

José Augusto Duarte tinha ao seu lado o Deputado Paulo Pisco, eleito pelo círculo eleitoral da Europa, e o Cônsul-Geral de Portugal em Paris, que aliás fez a intervenção inicial e que estabeleceu a lista de convidados. Carlos Oliveira estava acompanhado pelo Cônsul Geral Adjunto, pelo Adido Social, pelo Adido de Segurança Social e pelo Chanceler do Consulado. O Embaixador também estava acompanhado pelos dois outros diplomatas da missão portuguesa, Hélder Carvalho-Joana e Ricardo Bastos. O número dois da Embaixada, Frederico Nascimento, está de regresso a Lisboa.

As comemorações do Dia de Portugal também foram assunto para a primeira intervenção do Embaixador. “Eu sei que há um grande desejo das pessoas virem aqui à Embaixada, sentirem-se bem recebidas. Mas eu penso o contrário. Eu acho que o Embaixador é que tem obrigação de ir às Comunidades, ir ao encontro das pessoas, saber como vivem, como convivem, conhecê-las” disse na sua intervenção. “No próximo ano, vamos ter certamente momentos grandiosos e eu vou contar com todos vós e começa logo pelo Dia de Portugal: a tradição é fazer o Dia de Portugal nos salões da Embaixada. Se depender de mim, não será na Embaixada, será fora da Embaixada, será em local de prestígio, dentro de Paris, onde a Comunidade portuguesa possa mostrar em escala aquilo que é. É importante termos uma Comunidade virada para fora, para a sua afirmação, para exibir sem inibição aquilo que é”.

José Augusto Duarte disse que queria dar especial importância à cultura “mais elitista”, mas “também darei interesse ao aspeto cultural popular. Nós temos de ir também ao encontro daquilo que são os gostos, as tradições e as atividades culturais que mais agradam e com as quais mais se identifica uma boa parte da nossa Comunidade”.

Outro assunto que o Embaixador português pretende dar destaque é a área da inovação, investigação, ciência e tecnologia. “Aqueles que gostam de história, sabem que Portugal foi grandioso e melhor que tudo, quando inovou, quando tínhamos tecnologias, sobretudo navegação e tecnologias militares inovadoras” disse na sua intervenção e prometeu dar a conhecer o Portugal tecnológico. “São áreas em que eu farei muita questão em dar visibilidade”, apresentando “um Portugal inovador, criativo, afirmativo, desinibido e não apenas um Portugal que tem determinados problemas. Não rejeito, não enjeito, os problemas, mas Portugal é mais complexo do que isso”.

Depois da sua intervenção, o Embaixador José Augusto Duarte foi falando com cada um dos presentes, ouvindo-os. Na sala do lado, a jovem pianista Leonor Mendes tocava para os presentes. “É uma jovem pianista que estuda aqui em Paris há 5 anos e vem do Fundão” explicou o diplomata.

“Há uma coisa que para mim é muito importante. Aquilo que mais me satisfaz enquanto representante do Estado português e da Comunidade, é o sucesso de cada um de vocês; que vocês tenham sucesso na vossa vida profissional e que tenham sucesso nas vossas atividades. Poderão contar sempre comigo. Podem ter a certeza que não sei se vou fazer bem ou se vou fazer mal, mas vou certamente, com toda a humildade, esforçar-me com toda a força possível para agradar a toda a Comunidade portuguesa”.

 

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