LusoJornal / Mário Cantarinha

Jantar-espetáculo em Argenteuil recolheu fundos para a Misericórdia de Paris

Como já é habitual, a associação Agora, de Argenteuil, e a associação Cordas e Tradições, organizaram este fim de semana, mais um jantar para recolha de fundos a favor da Santa Casa da Misericórdia de Paris. O evento teve lugar na mítica Salle Jean Vilar, em Argenteuil, no sábado à noite.

Participaram vários artistas, entre os quais Jorge Amado e Cristina Ardisson, que se deslocaram de Portugal propositadamente, assim como Christophe Malheiro, Daniel Tibério, Dj Aníbal e o grupo Cordas Soltas. O espetáculo foi apresentado por Vítor Santos, animador da rádio Alfa.

Na sala esteve o Maire de Argenteuil e alguns dos seus Adjuntos. Aliás o Maire confirmou que a sala vai entrar em obras e por isso não poderá ser utilizada no próximo ano. “Mas que a Comunidade portuguesa descanse porque o Olympia português, como vocês lhe chamam, vai sobreviver”.

Estes eventos de recolha de fundos organizados em favor da Santa Casa da Misericórdia emocionam o Provedor Joaquim Sousa que destacou ao LusoJornal o “ambiente saudável e o espírito solidário”.

Esta é a sexta vez que a associação Agora organiza este evento. “O Presidente da associação, o Enrico de Rosa é italiano, casado com uma portuguesa, ouviu na rádio o nosso apelo para o primeiro jantar de gala e entendeu que a forma que tinha para ajudar é organizar um jantar” explicou Joaquim Sousa ao LusoJornal.

“Eles são exemplares. Cada um pode fazer qualquer coisa pelos outros e eles são exemplares nisso. Dão muito tempo, muito trabalho pelos outros. Só é pena que não haja mais associações a terem este tipo de atitude, em relação à Misericórdia ou a outras causas, sempre que seja ajudar alguém” comentou o Provedor. “E não há pequenas ajudas. Cada um de nós tem de fazer a sua parte, a seu nível. Todas as ajudas são importantes e é o conjunto de todas as iniciativas que têm interesse”.

Aquando da sua intervenção, Joaquim Sousa fez questão de chamar para o palco Abílio Lopes e José Barros, “dois dos pilares da Santa Casa”.

Em 2015 este jantar espetáculo rendeu 3.593,07 euros, em 2016 rendeu 3.860,32 euros e em 2017 rendeu 3.865,37 euros, segundo Enrico de Rosa.

 

Deputados marcaram presença

Na sala também estiveram os dois Deputados eleitos pelo círculo eleitoral da Europa: Carlos Gonçaves (PSD) e Paulo Pisco (PS).

“Nós sabemos que as Comunidades portuguesas sempre foram importantes para Portugal, mas a solidariedade que elas demonstram mesmo nos momentos mais difíceis é notável” disse Carlos Gonçalves ao LusoJornal. “Estamos num jantar solidário e este lado solidário das nossas Comunidades tem-se visto ao longo da história e em 2017, face à tragédia dos incêncios, viu-se mais uma vez como os Portugueses no estrangeiro ajudaram, apoiaram, contribuiram para ajudar não só as vítimas, as famílias das vítimas, mas também as regiões que foram vitimadas pelo flagelo dos incêndios, tanto no verão, como no outono”.

Também Paulo Pisco deixou uma palavra de “reconhecimento, consideração e respeito relativamente à Santa Casa da Misericórdia que presta um serviço inestimável à nossa Comunidade e depois, o meu reconhecimento e o meu agradecimento também aos Portugueses que têm estes gestos solidários” disse ao LusoJornal. “Este tipo de eventos são o rosto da capacidade solidária que os Portugueses têm e é também um ato importante de cidadania, de civismo na medida em que, ao estar-se a solidarizar com a Santa Casa da Misericórdia, nós estamos a fazer um bem inestimável a muitas pessoas que muitas vezes vivem em precariedade, em dificuldade, que não têm para onde ir, que não têm portas onde bater, e a Santa Casa da Misericórdia muitas vezes substitui-se ao Estado francês e ao Estado português e presta um serviço de apoio absolutamente insubstituível, senão, muitos desses nossos compatriotas teriam ainda mais dificuldades, ficariam nas margens, ficariam numa situação humana muito complicada, muito triste e felizmente que existe esta instituição para dar apoio a essas pessoas”.

Explicando que dá “muita importância àquilo que em Portugal se chama o terceiro pilar de apoio”, o Deputado Carlos Gonçalves considera que “a Santa Casa da Misericórdia de Paris desenvolve ações de solidariedade em prol dos Portugueses mais carenciados e por isso, ver tanta gente neste jantar para angariar fundos para que esta instituição possa funcionar, parece-me muito importante e é um sinal claro da mobilização da nossa Comunidade na área social e na ajuda aos que têm a vida mais difícil, aos que estão numa situação de indigência ou de maior precariedade”.

O Deputado Paulo Pisco disse ainda que estava ali “por obrigação e por devoção”. Mas considera que “dada a dimensão enorme da nossa Comunidade e dos muitos Portugueses que têm condições para ajudar, eu acho que, apesar do nosso sentido solidário, o número de empresários e pessoas com posses que ajudam a Santa Casa da Misericórdia é ainda relativamente reduzido para a dimensão da Comunidade”. Por isso deixa um apelo: “Quem puder ajudar a Santa Casa da Misericórdia que o faça, porque ela faz aquilo que mais ninguém faz, que é ajudar aqueles que deixaram de ter sorte na vida e que precisam de alguém que lhes dê a mão. E já que os nossos empresários não o podem fazer diretamente, ao menos que ajudem a Santa Casa da Misericórdia de Paris a fazê-lo porque ela tem condições, tem vocação, sabe como fazer e dá a mão a muita gente que precisa”.

 

O objetivo é ajudar os outros…

Para ajudar aqueles que mais necessitam, a Santa Casa da Misericórdia de Paris organiza várias ações de angariação de fundos, como por exemplo o jantar anual de Gala e a Corrida da Solidariedade. “A nossa preocupação é conseguir ajudar, ter capacidade de intervenção e isso, felizmente, temos conseguido. Agora, ou aumentamos o número de voluntários, ou ficamos apenas com estas ações de angariação de fundos, porque as iniciativas dão-nos muito trabalho. Vamos manter o calendário que temos” explicou o Provedor Joaquim Sousa ao LusoJornal.

Para além disso, a Santa Casa da Misericórdia de Paris gostava de ter mais associações como estas de Argenteuil a ajudar. “Lamento que não haja mais” disse o Provedor.

A recente campanha de recolha de alimentos “passou-se muito bem” segundo Joaquim Sousa. “Este ano conseguimos mais do que as 5 toneladas do ano passado”. Os alimentos estão guardados na associação de Puteaux.

“Sede histórica” da Santa Casa da Misericórdia é no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Paris, mas a “sede operacional” é na avenue de la Porte de Vanves, onde há uma Permanência social todas as quintas-feiras por marcação. “A nossa permanência telefónica funciona 7 dias por semana e praticamente 24 horas por dia” diz Joaquim Sousa.