Greve: Sexta-feira difícil na CGD em França

Os sindicatos franceses CGT e CFDT garantiram à Lusa, na sexta-feira da semana passada, que a central FO-CFTC recusou comparecer na reunião com a Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), em França.

«Houve dois sindicatos [CGT e CFDT] sentados à mesa para conversa com a Administração e outros dois, FO e CFTC, recusaram-se a participar», disse Hélder Gonçalves da CGT, em declarações à Lusa.

O sindicalista indicou ainda que «a reunião foi interrompida» devido à manifestação dos sindicatos que não compareceram, não ficando agendada uma nova data para o encontro com a Administração da CGD.

«A greve foi reconduzida para sábado, segunda-feira e terça-feira», acrescentou.

A situação descrita foi também confirmada pela dirigente do CFDT. «Na reunião estava também a CGT, os representantes de Lisboa e o Diretor da Caixa Paris. Começámos a discussão e passados dez minutos a FO [FO-CFTC] subiu e começou, no corredor, aos gritos e a fazer ameaças contra uma reunião para a qual disseram não ter sido convocados», disse Carmen Campo.

De acordo com a líder sindical, a Direção da instituição financeira tentou «convencer o FO a entrar na negociação», mas o mesmo recusou-se, alegando «só querer negociar com o patrão e sem a presença dos outros sindicatos».

«Tivemos que sair, o ambiente estava muito agressivo e não dava para estarmos em reunião. Eles ameaçaram entrar na sala e nós não quisemos provocar incidentes», sublinhou.

Carmen Campo disse ainda que uma delegada da central FO-CFTC garantiu ter sido notificada para a reunião, através do seu telefone pessoal, no entanto a estrutura «exige receber um convite por escrito».

«A Direção da CGD disse que ia mandar uma informação para todos os trabalhadores da Caixa a contar o sucedido e com algumas propostas. Da nossa parte, ainda estamos a pensar nos próximos passos, apesar de estarmos mais na linha de negociar do que entrar em greve. Os nossos clientes têm muita paciência mas um dia acaba», vincou.

Na mesma sexta-feira, a CGD havia dito à Lusa que a FO-CFTC não compareceu na reunião com a Administração, apesar de ter sido convocada. «Hoje a Direção geral da sucursal da CGD e representantes da CGD Portugal estiveram presentes na sucursal para se reunir com os quatro sindicatos representativos, conforme combinado em 16 de abril», explicou a instituição, numa nota enviada à Lusa.

De acordo com a CGD, estiveram presentes na reunião «a CGT e a CFDT, não tendo comparecido aqueles que aparentam estar na origem da convocação desta greve».

Por sua vez, a intersindical FO-CFTC garantiu que não foi recebida na reunião entre a Administração da CGD e os sindicatos, quando decorria o quarto dia de greve em França.

Cristina Semblano, porta-voz da intersindical que tem apoiado a greve, disse à Lusa que cerca de 100 pessoas na sede da CGD em Paris ameaçaram invadir a reunião e «fizeram tanto barulho que a reunião foi interrompida».

«Eram cerca de 100 pessoas à porta a tentar entrar porque a Administração da Caixa recusou receber a intersindical maioritária, ou seja, a Presidente da Comissão de Trabalhadores e o sindicato maioritário. As pessoas estavam prontas aqui a invadir a sala onde decorriam reuniões com sindicatos minoritários e fizeram tanto barulho que a reunião foi interrompida», declarou Cristina Semblano.

Numa nota enviada ao LusoJornal, na sexta-feira pelos «sindicatos maioritários» da Caixa Geral de Depósitos em França, FO e CFTC, constituídos em Intersindical, dizem que «a Comissão negocial eleita em Assembleia Geral dos Trabalhadores não foi convocada pela Direcção Geral da Sucursal nem pela comitiva vinda de Lisboa que ademais recusou recebê-la não obstante o seu pedido feito várias vezes presencialmente ao longo do dia, como o podem testemunhar as dezenas e dezenas de trabalhadores presentes na Sede da instituição em França».

«Os responsáveis da Sucursal da CGD França e do Grupo em Lisboa, optaram por reunir-se, logo de manhã, com os Sindicatos minoritários da CGD que apelaram à desmobilização da greve, não obstante a oposição das suas bases e dos seus representantes eleitos que se juntaram desde o início à greve» diz a nota de imprensa.

Os sindicalistas afirmam que na sexta-feira «mais de 1/3 das agências da rede estão encerradas e outro terço está a trabalhar em sub-efectivo» e por isso consideram que a Comissão Executiva e o Conselho de Administração da banca pública «estão a expor a CGD a riscos operacionais (perdas potenciais) e de segurança, importantes, riscos para os quais a Intersindical FO-CFTC já advertiu ontem o Banco de Portugal, a autoridade de supervisão bancária francesa (ACPR) e a Inspecção do Trabalho de França».

A Intersindical confirma ao LusoJornal que «perante a marginalização dos representantes maioritários do pessoal, ao total arrepio da lei, os trabalhadores empunhando cravos vermelhos invadiram a escadaria que dá acesso à sala de reuniões cantando a Grândola Vila Morena».

«A reunião organizada à calada com os representantes minoritários foi interrompida tendo os responsáveis sindicais da CGT sido conspurcados pelos trabalhadores que os expulsaram do recinto da Sucursal. Por fim, os trabalhadores, formaram um cordão humano junto à saída da Sucursal, impedindo o carro da Direção Geral de passar, e obrigando os Administradores a sair da Sucursal de França a pé» diz a nota de imprensa.

Em 12 de abril, foi votada uma «greve ilimitada», um movimento apoiado pelos sindicatos Force Ouvrière e CFTC, que querem respostas sobre o futuro da CGD em França, onde há mais de 500 trabalhadores.

A intersindical teme a alienação da sucursal francesa, quer ter acesso ao plano de reestruturação do banco e denuncia «atrasos nos aumentos salariais por mérito e carreiras desde 2016», assim como «disfuncionamentos da sucursal com impactos na saúde física e mental dos trabalhadores».

 

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