Francisco Brás de Oliveira é o novo Diretor Geral da Fidelidade em França

Francisco Brás de Oliveira é o novo Diretor Geral da sucursal francesa da Fidelidade, em substituição de Carlos Vinhas Pereira. Vem de Portugal e era, até aqui, o responsável do canal corretores e grandes clientes da Fidelidade em Portugal, que representa cerca de um terço do negócio “não-vida” da empresa.

A mudança de Direção da Fidelidade coincidiu com a mudança de instalações da empresa que deixou os escritórios da Ópera e instalou-se na Torre W, em La Défense.

“Muito do que é Fidelidade tem o carimbo do Carlos Vinhas Pereira que esteve aqui durante 22 anos, desde o início” começa por explicar ao LusoJornal Francisco Brás de Oliveira. “Estamos a perceber o que estava a ser feito bem e se deve preservar e o que há para melhorar”.

A diferença entre a dimensão da “empresa mãe”, em Portugal e a da sucursal em França é notória. “Em Portugal somos líderes de mercado, temos mais do que 30% de cota de mercado, a notoriedade é enorme, recebemos vários prémios, todos os anos – melhor companhia, melhor serviço, melhor reputação,…”. Em França, a presença da Fidelidade no mercado é partilhada com centenas de concorrentes, num “mercado mais maduro do que em Portugal e muito diferente nos produtos e no modelo de distribuição”.

Por isso, Francisco Brás de Oliveira diz que não tenciona exportar o modelo de negócio português para a sucursal de França, e quer guardar as três principais áreas de intervenção: o mercado étnico português através da CGD, o mercado étnico chinês e os produtos de nicho através do mercado da corretagem de seguros.

Aposta na colaboração com a Caixa Geral de Depósitos

Quando a Fidelidade decidiu abrir uma sucursal em França, integrava o Grupo Caixa Geral de Depósitos. Por isso, muito naturalmente os primeiros produtos comercializados em França passaram pelo canal das agências do banco público português.

“Neste momento a CGD representa cerca de metade da nossa receita” explica Francisco Brás de Oliveira. “Em Portugal estamos a trabalhar muito bem com a Caixa Geral de Depósitos e em França também, mas temos, mesmo assim, um caminho a percorrer no desenvolvimento da nossa colaboração”.

Entretanto a CGD vendeu 85% do capital ao Grupo chinês Fosun, “que não alterando, no essencial, a nossa forma de trabalhar, nos abriu outras oportunidades” diz o novo Diretor Geral. Mesmo se não exclui vir a trabalhar também com outros bancos, “o potencial de crescimento da banca-seguro com a CGD é significativo. E temos vontade mútua de percorrermos este caminho. Objetivamente a Comunidade portuguesa é um dos núcleos alvo de uma sucursal de uma empresa portuguesa aqui em França”. E Francisco Brás de Oliveira acrescenta que “parece-me absolutamente claro que, com uma Comunidade com 1,5 milhões de Portugueses e com dezenas de milhares de empresas com Portugueses na sua gestão, este é um segmento a dedicar muita da nossa atenção”.

Para o novo Diretor Geral da Fidelidade, a melhor forma de chegar ao maior número possível de Portugueses em França, é “através da rede de 48 balcões da CGD, com ambições de crescimento” e explica que “a importância da venda de seguros nos balcões dos bancos também é muito grande para os próprios bancos, do ponto de vista de soluções para os seus clientes, para a sua fidelização ao banco, mas também é uma fonte de remuneração supletiva interessante num mercado com margens de intermediação mais pequenas”. Esta é pois “indiscutivelmente uma área de desenvolvimento”.

Outra área de negócio a guardar e a desenvolver é a Comunidade chinesa, “pelo facto de termos um acionista com 85% do capital da Fidelidade que é o grupo chinês Fosun, com a pujança que tem a economia chinesa no mundo e também em França, com centenas de milhares de Chineses, muitas empresas chinesas em França, algumas de grande dimensão, para além de empresas francesas que também são detidas pela Fosun. São oportunidades para nós, de nos aproximarmos, com bons produtos e bom serviço, para merecermos vir a tê-las como clientes”.

Por enquanto Francisco Brás de Oliveira refere que “esta comunidade chinesa ainda não representa muito na empresa, mas do ponto de vista de potencial, ele é relevante”.

Uma experiência nos vários setores dos seguros

Francisco Brás de Oliveira licenciou-se em economia na Universidade Católica, tendo passado pela Siemens e depois pela Andersen Consulting, atual Accenture, na área da consultadoria estratégica.

Em 1994 integrou a Império, que depois de comprada pelo Grupo BCP, na altura, passou a ser Império Bonança. A Império-Bonança foi depois comprada em 2005 pela Caixa Geral de Depósitos, que já detinha a Fidelidade Mundial tendo a fusão de todas estas marcas dado origem à atual Fidelidade. Trabalhou na área de marketing, área técnica, gestão de sinistros, sendo o seu último percurso, antes de vir para Diretor Geral da sucursal da Fidelidade em França, na área comercial.

Em Portugal, a Fidelidade é claramente uma empresa multicanal, com uma rede de distribuição de agentes, corretores, canal bancário, canal postal, canal digital e rede de agências próprias. Francisco Brás de Oliveira sabe que em França o modelo de negócio é bem diferente. “O modelo de distribuição através de agentes próprios, ou produtos como o seguro automóvel, pressupõe dimensão, escala. A nossa abordagem tem sido por isso distinta, com parceiros em mercados de nicho que se tem vindo a desenvolver”. Exemplos disso são “seguros de anulação, seguros específicos para o desporto profissional, seguramos os astronautas da Agência Espacial Francesa…” ilustra o Diretor Geral da Fidelidade França. “Para chegarmos a estas oportunidades de mercado, temos como parceiros corretores especialistas em determinado tipo de produtos, que valorizam a nossa forma de estar. Sabem que estamos num campeonato diferente de outras companhias de maior dimensão, estamos dispostos a analisar propostas de valor distintas que nos apresentem, temos maior agilidade operativa, encontramos boas soluções de resseguro e somos por isso respeitados por este mercado. É um setor que admitimos preservar e desenvolver” diz ao LusoJornal. “Valorizo o foco, fazer as coisas bem, procurar marcar a diferença na oferta, na inovação, nas garantias, no serviço, no rigor, e com uma obsessão pelos detalhes. Será este o nosso caminho”.

Aproveitar, no que fizer sentido, as competências da sede

O novo Diretor Geral vem para “trazer mais eficácia à operação, será um trabalho conjunto com toda a equipa da sucursal. Não se pretende trazer, pelo que já referi, modelos de negócio de Portugal, mas existem competências na sede que faz sentido aproveitar, fruto sobretudo da sua dimensão e poder negocial. Falo do acesso aos mercados de resseguro, das infraestruturas dos sistemas de informação, ou competências em modelos de gestão de risco. Para todos os efeitos, o peso relevante das operações em Portugal pode ser aproveitado pela nossa operação em França. E o facto de vir alguém de Portugal com o conhecimento das estruturas, das pessoas e das competências instaladas, como é o meu caso ou da minha colega, que veio na mesma altura, a Filipa Leitão com as funções de Sub-Diretora Geral, facilita esta partilha. Pode ser uma nova era neste aspeto” conta ao LusoJornal. “O mundo está em constante mudança. Não há nada permanente a não ser isso mesmo, a mudança!”.

Na verdade, Francisco Brás de Oliveira espera também desenvolver a área digital na operação em França, associado à diversificação para segmentos de mercado mais jovens, dada a mais-valia que aporta aos utilizadores. “A era digital na indústria dos seguros está a ter uma evolução enorme, na comunicação, na venda, e no serviço, como por exemplo na assistência em caso de sinistro”.

Nas novas instalações de La Défense, no 24° andar e com uma vista magnífica para Paris, Francisco Brás de Oliveira conta com uma equipa de 55 colaboradores, “muito diversificada”. Diz que “o mais recente chegou há dois dias e temos colaboradores que estão cá desde o início. Também temos uma diversidade de culturas, com Portugueses de cá, Portugueses de lá, Franceses, Chineses, Caboverdianos,…” e considera que esta diversidade, aliada à competência da sua equipa, faz dela uma equipa ímpar, pronta para fazer, dia após dia, a diferença junto de quem nos procura e com isso fazer com que a sucursal continue a crescer.

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