Opinião: Marcelo na Casa dos Imortais e muitas mais sugestões culturais

Há sempre a tentação de fazer o balanço daquilo que se anunciou. Ou referir mesmo aquilo de que não se falou… Na semana que passou, o Presidente da República veio à Academie Française discutir uma palavra do Dicionário que a Academia edita: Ville foi a palavra escolhida.

É um convite reservado a poucos, ainda menos a Chefes de Estado. Mas da totalidade nos 19 convidados nos quase quatro séculos que a Casa dos Imortais leva de vida, nada menos que dois, foram Portugueses: Soares e Rebelo de Sousa. Não vos noticiei o caso pois, exposição e discussão, tiveram assembleia mais do que restrita – mas correu muito bem, claro, e será publicado o conjunto das intervenções.

Também o galerista Philippe Mendes, na Fine Arts, no Carrossel du Louvre, apresentou um importante e raro desenho de Amaro do Vale, pintor maneirista português de que quase toda a obra se perdeu. E, já que falamos de Desenho Antigo, se tiverem a sorte de arranjar bilhetes para a exposição de Leonardo, no Louvre, não deixem de reparar, no meio das extraordinárias obras-primas de pintura e desenho ali expostas, na única obra do génio italiano existente em Portugal, na coleção da Escola Superior de Belas-Artes do Porto: o desenho de uma Virgem com Menino que, em deliciosa cena de amor quotidiano, lhe lava os pezinhos numa bacia.

E, esta semana, a presença da cultura portuguesa continua com a naturalidade regular de sempre: cinema, música, literatura e arte (ilustração), fotografia, arquitetura…

Entre 18 e 25 de novembro, no Festival international du Film de Belfort, e no âmbito da Competition International Première Française, Maureen Fazendeiro apresenta a curta “Soleil noir”, colagem de imagens e sons registando, em Lisboa, as reações populares durante o eclipse total de 2015 a que se sobrepõe a referência erudita a um poema de Henri Michaux.

No dia 20, no Festival du Film court de Villeurbane, na Compétition européenne, Ana Maria Gomes, que tem estado presente, nas duas últimas semanas em vários festivais franceses, apresenta “Bustarenga”, mais uma história de regresso à aldeia dos antepassados portugueses.

Dia 20 e 21, na Libarire Musicale, em Lyon, em colaboração criativa luso-francesa, é lançado um livro-CD, “Trente six histoires pour amuser les enfants d’un artiste”. A música de Francisco de Lacerda, compositor e maestro amigo de Debussy e de Satie, celebrado na Paris de inícios de novecentos é interpretada por Elisabeth van Straaten, ao piano. O texto é de Jean-Yves Loude e as ilustrações de Pierre Pratt.

A partir de 22, Jean-Manuel Simões em “Quem não viu Lisboa”, na Casa de Portugal André de Gouveia, mostra três etapas recentes deste século lisboeta condensado em setenta fotografias.

Finalmente, entre 22 e 30 de novembro, decorre em Nice, o Forum d’urbanisme et d’architecture (Festival OVNI). A Trienal de Arquitetura de Lisboa foi convidada a apresentar um dos seus projetos. No caso a colaboração multidisciplinar que reúne Pedro Cabeleira, com a curta metragem “Filomena” e uma série de fotos de Catarina Botelho, ambos trabalhando a partir da ficção literária de Patricia Portela sobre lugares recentes da arquitetura portuguesa contemporânea.

Boas escolhas culturais e até para a semana.

 

Esta crónica é difundida todas as semanas, à segunda-feira, na rádio Alfa, com difusão antes das 7h00, 9h00, 11h00, 15h00, 17h00 e 19h00.