Tese de Carlos Henriques Pereira diz que a Serra d’Arga é “a peça que faltava na Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin!”

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Carlos Henriques Pereira, docente (Maître de conférences) na Sorbonne Nouvelle Paris III, defendeu no passado dia 3 de fevereiro, a sua Habilitação para Direção de Teses (HDR), com uma tese intitulada “Les cinq étapes de la modélisation d’une théorie générale de l’évolution des langages”.

A defesa teve lugar na Universidade de Clermont Ferrand, sob a orientação do professor Saulo Neiva. O júri foi composto pelo Professor emérito Jean-Marie Klinkenberg, da Universidade de Liège e membro da Real Academia de Ciências, Letras e Belas Artes da Bélgica, pelo Professor emérito Tetsuro Matsuzawa, da Universidade de Quioto e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Presidente da Associação Internacional de Primatologia, pelo Professor Fernando Baptista, Presidente da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, pelo Professor Henrique Leitão, Diretor do Departamento de História das Ciências e pela Professora Sylvie Chalaye, ex-Diretora do Instituto Sorbonne Nouvelle de Estudos Teatrais de Paris III.

Em França, a Habilitação para Direção de Pesquisas (HDR) é um diploma que “confirma o reconhecimento do elevado nível científico do candidato, a natureza original de sua abordagem num campo da ciência, a sua capacidade em dominar uma estratégia de pesquisa num domínio científico ou tecnológico suficientemente amplo e a sua capacidade para enquadrar jovens investigadores”.

 

O modelo neodarwiniano de Carlos Henriques Pereira

Na sua apresentação, Carlos Henriques Pereira expôs o seu itinerário científico durante 24 anos de pesquisa em torno da Lusofonia abrindo assim 5 frentes de investigação: 1 “Onde um estudo aprofundado do gesto do homem a cavalo nos mergulha numa pesquisa de longo prazo sobre as práticas da equitação em toda a sua complexidade e diversidade”; 2 “Da coreologia do homem a cavalo à formalização de um ‘solfejo’ da arte equestre”; 3 “A exploração das pontes entre motricidade e cognição conduz a uma inesperada e inovadora aproximação operacional entre equinologia e primatologia no quadro de uma abordagem comparativa equinologia vs primatologia»; 4 “Uma experiência e reflexão de longo prazo que levam a uma hipótese ousada: as linguagens humanas e não-humanas compartilham uma sintaxe arcaica comum?»; e 5 “Tentativa de modelar uma proposta linguística darwiniana intra e interespecífica».

Uma das originalidades da obra interdisciplinar e multidisciplinar de Carlos Henriques Pereira é ter pensado numa “lusofonia interespecífica” e numa outra forma de pensar a relação entre Humanos e Não-Humanos no espaço lusófono. Durante as suas pesquisas, manteve o diálogo entre a prática e a teoria, entre as ciências humanas e as ciências da vida.

A ponte entre equinologia e primatologia permitirá certamente repensar um novo modelo linguístico enraizado na teoria da evolução das espécies de Charles Darwin. A conceção do modelo neodarwiniano de Carlos Henriques Pereira – ainda em estado de construção epistemológica – permite vislumbrar uma teoria unificada das linguagens humanas e não-humanas, linguagens lógicas (ciências e técnicas) e linguagens analógicas (mitologias, artes…).

 

O “Quinto Paradigma”

Num universo social ultrafragmentado, a abordagem científica de Carlos Henriques Pereira sugere um “Quinto Paradigma” na grande tradição intelectual portuguesa, uma visão holística do conhecimento. Trata-se de considerar uma Quinta Ontologia, ou seja, pensar a Diversidade na Unidade. O Princípio da Ternaridade ou “Trindade” é um conceito poderoso para pensar este Quinto Paradigma.

O antropólogo estruturalista Philippe Descola considera 4 ontologias, 4 modos de ver o mundo na sua obra maior “Par de-là nature et culture”. A tradição antropológica de Agostinho da Silva concebeu uma quinta ontologia batizada de Civilização do Universal por Léopold Sédar Senghor. Fernando Pessoa dizia: “Este movimento ternário (…) é o motor eterno de toda a criação psíquica” em “Le Chemin du Serpent”, edições de Christian Bourgois.

Num contexto de filosofias de “desconstrução”, do Cancel Culture, da “teoria de género”, da cultura “woke” e dos pensamentos do extremo, que parecem estar a acelerar a fragmentação das sociedades ocidentais, a proposta científica de Carlos Henriques Pereira sugere o caminho “do meio”, o da unidade da “razão discursiva” e da “razão intuitiva”.

Por outras palavras, a do Quinto Paradigma, da Civilização do Universal. Liga-se assim à grande tradição filosófica lusitana da “esfera”!

Assim, o Parque Natural da Serra d’Arga, em Viana do Castelo, em Portugal, será talvez o emblema do neodarwinismo e de uma nova forma de olhar para a relação com os animais, as plantas, a natureza e a diversidade cultural! A nova Utopia caminha sobre “os ombros de Darwin”, de Camões, do Padre António Vieira e de Fernando Pessoa, “os profetas lusitanos do Universal”! A cooperação luso-japonesa na Serra de Arga simboliza também esta vontade de unir Oriente e Ocidente e caminhar juntos, rumo à Unidade!

 

O conceito de esfera

A estrutura ternária remete para a ideia de circularidade. A estrutura esférica cuja base ternária é o ponto, o raio e a circunferência, é candidata à ideia de uma sintaxe esférica que pode fazer emergir uma infinidade de significados nos quatro níveis da linguagem.

Foi através deste conceito de esfera que Portugal construiu o seu imaginário.

De facto, a tradição intelectual e teológica portuguesa herdou a dialética da dupla esfera do pensamento grego. Há a esfera da linguagem lógica que é convocada para a navegação marítima, ponta de lança da expansão portuguesa, e há a esfera divina cujo “ponto está em toda a parte e a circunferência em lugar nenhum” que permite o acesso ao mundo do imaginário.

Darwin teve a intuição de que a evolução das espécies e a evolução das línguas, obedeciam à mesma lei universal. As ferramentas desenvolvidas no quadro de uma zoossemiótica cognitiva embrionária certamente permitem, segundo Carlos Henriques Pereira, testar a hipótese darwiniana.

Nesse caso, o modelo de equinologia baseado nos preceitos da primatologia japonesa, constitui uma oportunidade para estudar as origens da linguagem. Três eixos naturalmente se impuseram para construir uma nova abordagem científica equinológica: o estudo de equinos no ambiente natural “In the wild”; o estudo das interações humanas e equinas “In face to face” e finalmente o estudo da cognição de equinos em laboratório “In laboratory”.

O binómio homem-cavalo levou, naturalmente, Carlos Henriques Pereira a estabelecer as sinergias entre equinologia e primatologia. A interação humana e equina levou-o a formular a hipótese de uma linguística interespecífica destacando um código “comum”. A comunicação homem-cavalo em vários níveis envolve uma combinação de gestos e fala.

A equineologia torna-se assim um modelo operacional para a compreensão dos diferentes níveis da linguagem.

 

Apaixonado pela arte equestre

Licenciado pela Universidade Paris Dauphine em ciências de gestão (MSG, 1990, a mesma promoção do Chefe de Estado do Togo, Faure Gnassingbé), após uma carreira de 12 anos no setor Bancário e Financeiro (Diretor de Marketing do BCP – Paris, professor de matemática financeira no Centro de Formação da Profissão Bancária – La Défese 1992-2006), Carlos Henriques Pereira ingressou no CREPAL (Centro de Pesquisa em Países de Língua Portuguesa) em 1998, sob a direção da Professora Anne-Marie Quint, em 1998.

Apaixonado por arte equestre, Carlos Henriques Pereira defendeu uma tese de doutoramento em estudos lusófonos sobre “A arte equestre em Portugal do séc. XV ao séc. XV).

Apoiado pela escritora Maria Isabel Bareno, que na altura era Conselheira Cultural da Embaixada de Portugal em França, e pelo Embaixador António Monteiro, que mais tarde viria a ser Ministro dos Negócios Estrangeiros, Carlos Henriques Pereira fundou o Instituto Português de Equitação em 2004 e o Instituto do Cavalo Agência de Equitação Cavalgador.

Tornou-se então cavaleiro-instrutor e formou mais de 40 cavaleiros. Alguns dos quais ingressaram nas mais prestigiadas academias, como por exemplo o Cadre Noir de Saumur, a Escola Portuguesa de Arte Equestre de Lisboa, o Circo Alexis Grüss, o Chantilly Horse Museum, ou Disney Paris, Mer de Sable, Puy du Fou, etc.

Apoiado pelo então Cônsul de Portugal em Paris, Luís Ferraz, Carlos Henriques Pereira organizou o Prix du Portugal em Vincennes, o Festival do Cavalo Lusitano no Paris Horse Show (2012) e lançou a primeira promoção de cavaleiros, em 2013, perto de Chantilly.

De realçar ainda que Carlos Henriques Pereira trouxe a França pela primeira vez, em abril de 1994, a Escola Portuguesa de Arte Equestre.

 

Uma experiência franco-luso-japonesa

Em 2014, Carlos Henriques Pereira ingressou no prestigiado Laboratório de Primatologia da Universidade de Quioto, no Japão, sob direção do Professor Tetsuro Matsuzawa. Juntos, criam a disciplina de equinologia e o primeiro programa internacional de equinologia em Viana do Castelo.

Este projeto foi implementado com o apoio do então Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo – agora Deputado – José Maria Costa e por Lourenço Almada, Presidente da associação Caminhos do Garrano.

O Observatório Internacional do Garrano foi criado em 2021 aquando do primeiro Congresso Internacional de Equinologia, no qual participaram 8 universidades e teve 35 comunicações.

Em 2020, Carlos Henriques Pereira fundou o Japanese Horse and Equestrian Arts Institute. A cidade de Viana do Castelo, em conjunto com a Universidade de Quioto e a Universidade da Sorbonne Nouvelle, em França, estão a implementar ações para a conservação da raça autóctone do cavalo Garrano, um dos últimos cavalos selvagens da Europa.

Desde 1 de fevereiro deste ano, o Governo português abandonou a ideia de explorar lítio na Serra d’Arga, local onde vivem os póneis selvagens observados pelas equipas luso-franco-japonesas, permitindo assim aos concelhos de Viana do Castelo, Ponte de Lima e Caminha de criarem um Parque natural e o primeiro Instituto internacional de equinologia.

Defensor da língua e da cultura portuguesa, Carlos Henriques Pereira é também fundador e foi o primeiro Vice-Presidente da associação Cap Magellan, em 1992. Mais tarde, em 2017, coorganizou o primeiro Congresso universitário da Francofonia e da Lusofonia na Sorbonne Nouvelle e na Unesco, projeto que deu uma forte contribuição para a entrada da França como membro Observador da CPLP, em julho de 2018.

Finalmente, com o antigo Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria Costa, com o Professor Eric Charmetant, da Faculdade Jesuíta de Paris – Centre Sèvres, com os Professores Fernando Baptista Pereira (Presidente da Faculdade de Belas Artes de Lisboa) e Henrique Leitão (Departamento de História das Ciências) e com a participação de Laurent Lafforgue, medalhas Fields, criou a Aula da Esfera em 25 de janeiro de 2020, disponível na plataforma do LusoJornal.

 

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