LusoJornal | Inês Pereira

Começaram a ser entregues 1.200 tablets aos alunos do ensino de português nas associações

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O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, esteve este fim de semana em Paris para começar a entregar tablets que vão facilitar a aprendizagem de português a lusodescendentes e anunciou um projeto-piloto de ensino à distância em Bordeaux e Strasbourg.

Dos cerca de 24.000 tablets destinados às crianças que aprendem português no mundo – com software em português e ferramentas de aprendizagem – num programa financiado pelo PRR da União Europeia, cerca de 1.200 vão ser distribuídos em França para os alunos que frequentam o ensino associativo e os primeiros foram entregues no Consulado Geral de Portugal em Paris.

Para além de Paulo Cafôfo, estava presente o Embaixador de Portugal em França, José Augusto Duarte, o Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Carlos Oliveira, o Deputado Paulo Pisco, a Vogal do Conselho Diretivo do Instituto Camões, Paula Loureiro, e a Coordenadora do ensino português em França, Isabel Sebastião.

Paulo Cafôfo explicou ao LusoJornal porque razão são distribuídos estes tablets.

Em que quadro são distribuídos estes tablets?

Este é um projeto de digitalização do ensino português no estrangeiro que acaba por ser uma forma de inovar, porque o ensino português no estrangeiro não pode ficar à margem de novos formatos – novos formatos tecnológicos e digitais – que implica uma transformação pedagógica. Este projeto é muito importante para que o ensino português entre numa nova era, a era digital…

Isto quer dizer que vai haver um desinvestimento no ensino presencial?

Nós estamos a digitalizar, mas não queremos de maneira nenhuma inviabilizar o ensino presencial. Aliás isto é uma forma de reforçar o ensino presencial, porque acreditamos que é uma motivação para mais alunos poderem frequentar as aulas de língua portuguesa. Portanto, além de reforçar as aulas presenciais, estamos também a garantir um direito, que é um direito às nossas Comunidades aos lusodescendentes de terem acesso à língua portuguesa. Este é um projeto de 17 milhões de euros, são quase 24.000 tablets, são equipamentos informáticos, mas mais do que o equipamento é o conteúdo, são as plataformas multimédia, as plataformas pedagógicas de criação e produção de conteúdos ligados à aprendizagem da língua, são fundamentais.

Porque razão são entregues apenas aos alunos do ensino associativo?

Nós optamos pela rede de ensino português no estrangeiro por privilegiar o ensino paralelo, como diz e muito bem, o ensino ligado ao movimento associativo. As associações disponibilizam as suas instalações, dando este abraço à cultura e à língua portuguesa. Obviamente, não podendo haver tablets para todo o universo do ensino integrado, a nossa preferência foi para apoiar e entregar tablets ao ensino paralelo. Porque, no que diz respeito ao ensino português no estrangeiro, a nossa prioridade é, em primeiro lugar, as Comunidades portuguesas e os lusodescendentes, em segundo lugar temos o ensino integrado nos sistemas educativos dos respetivos países e em terceiro lugar, o ensino universitário. Portanto, seguindo esta hierarquia, decidimos – esta é uma garantia que damos – distribuir a todos os alunos que estão inscritos no ensino paralelo. E por isso temos aqui 1.200 tablets que estão a ser entregues em França. Isto é um incentivo aos pais. Não é possível o aumento do número de alunos se não houver da parte dos pais este cuidado de inscreverem os alunos nas aulas, a falarem em português em casa, a ouvirem música portuguesa em casa, a lerem escritores e escritoras portugueses e portuguesas em casa. É claro que o Governo português tem a responsabilidade de providenciar aulas e é o que estamos a fazer. Aliás nós tínhamos no passado no total do ensino português em França – falo do ensino integrado e do ensino paralelo – tínhamos cerca de 12.500 alunos e este ano temos quase 14.000 alunos inscritos.

Isto é uma gota de água num universo tão grande de portugueses e de lusodescendentes…

Não estamos a falar sobre o universo dos Portugueses de França, estamos a falar, como digo, do ensino paralelo, mas também temos o ensino integrado do português como língua de opção ou língua estrangeira para franceses ou pessoas de outras nacionalidades. Agora, aquilo que nós queremos é precisamente reforçar isto. Nós tínhamos no ano passado 97 professores, este ano temos 102 professores, o que nos interessa aqui é que haja um crescimento que se consolide. Sabemos que não é fácil, nós sabemos que a língua portuguesa concorre também com outras línguas, mas é uma língua global, neste momento as Nações Unidas preconizam que seremos 400 milhões de lusófonos no final deste século, mas na minha opinião, sendo a prioridade os lusodescendentes, o ensino do português só poderá crescer para além da Comunidade, ou seja, se conseguirmos com as autoridades, neste caso com as autoridades francesas, que o português seja integrado no sistema educativo francês. Isso é a grande aposta que temos de fazer em termos de futuro.

Já sabe se vai haver um aumento de professores de português no ano letivo de 2023-24?

Ainda é cedo para fazermos essa avaliação. Precisamos de perceber quantos alunos poderão ser inscritos. Aquilo que queremos é que nenhum aluno que queira frequentar o ensino português, possa deixar de o fazer. Temos de garantir esse direito ao acesso às aulas de língua portuguesa.

Mas isso só se faz com mais professores…

Temos aqui uma resposta que tem a ver com o ensino tutorial. Estes equipamentos também poderão servir para testar 2 projetos precisamente pensados para a França, para Strasbourg e para Bordeaux, porque nós consideramos que nos locais onde não seja possível formar uma turma, as novas tecnologias, sempre com um professor à distância, é verdade, pode ministrar essas aulas. Temos 1.200 computadores preparados para que esse projeto poder ser iniciado no próximo ano letivo. Estamos a criar as condições para o fazer, temos já os equipamentos, estamos já a preparar toda a estrutura que possa permitir que estes projetos piloto, nestas duas cidades, possam depois serem estendidos a outras. Nós estamos aqui perante uma dificuldade que é o facto de termos efetivamente alunos que querem começar o ensino português, mas a dispersão não possibilita que se forme uma turma e que se possa alocar um professor a essa turma. Portanto esta é uma solução que, de forma complementar, obviamente, dará resposta aos alunos que hoje não conseguem aceder às aulas do ensino português.

Em França, o ensino da língua portuguesa nas escolas primárias fica a cargo do Estado português através do Instituto Camões e a responsabilidade passa para o Estado francês a partir da 6ème, quando se inicia o ensino básico em França. No entanto, muitos alunos acabam por aprender português em meio associativo devido à dificuldade de continuidade entre a escola primária e o ensino básico ou o fraco número de inscrições.

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